A Literatura é acima de tudo arte e proporciona entretenimento, sensibilização para educação estética, reflexão crítica, ampliação de saberes, compreensão do mundo e da nossa condição humana, pois reflete realidades, desejos, conflitos, fruição do imaginário, deleite, prazer, angústias e sentimentos das mais diversas ordens. Presente nas esferas socioeconômicas privilegiadas cujo acesso se dá a partir de impressos, narrativas fílmicas ou pelo ambiente virtual, essa prática cultural configura-se como natural. Entretanto, mesmo sendo a cultura, logo a Literatura, um direito assegurado pela Constituição Brasileira em Artigo V, os sujeitos pertencentes às classes empobrecidas têm apenas no ambiente escolar vivências com esse bem cultural. Então, cabe à escola garantir a leitura literária na perspectiva da formação do leitor bem como o desenvolvimento de sua educação estética. Compreendemos, ainda, que a escola não pode dissociar a formação do aluno do contexto histórico ao qual ele pertence e como vivemos numa sociedade caracterizada pela incursão das diferentes mídias que incidem sobre os modos de produção, circulação e recepção dos diferentes textos, inclusive os literários, faz-se mister um processo de educação escolar que alie a Literatura à Multimodalidade na sala de aula, uma vez que dessa decorre os recursos multissemióticos, presentes nos aparatos tecnológicos (smartphones) utilizados pelos alunos em suas interações sociocomunicativas. No sentido de contribuir com os estudos alusivos à leitura literária na escola, nosso estudo caracteriza-se como pesquisa de abordagem qualitativa; quanto aos objetivos classifica-se como exploratória (GIL, 2008), e quanto aos procedimentos técnicos, uma Pesquisa-Ação (GIL, 2008). Nosso objetivo geral foi refletir se os gêneros multimodais possibilitam a ampliação do letramento literário com alunos do 8º e 9º, do turno matutino, na Escola Estadual Padre Alfredo Haasler, em Jacobina. Nossos objetivos específicos foram: discutir o ensino e aprendizado de Literatura e como essa promove a formação do leitor; identificar se há presença da multimodalidade e o uso dessa nas aulas de Literatura; analisar as práticas de leituras literárias realizadas na supracitada escola e se há interface com os gêneros multimodais; realizar uma oficina de Literatura e Multimodalidade. A moldura teórica teve como base os estudiosos Cândido (1995), Campagnon (2001), Cosson (2010;2014) Zilberman (1988), Paulino (et all 2008), entre outros que discutem a Literatura, seu ensino e seu papel na formação do leitor; Kress e Van Leuween (2006;2010), Rojo (2012), Dionísio (2005;2014) que discutem sobre multimodalidade, multiletramentos e a configuração dos gêneros multimodais. Os resultados obtidos com esse trabalho demonstram que se faz premente repensar o ensino e aprendizado da Literatura, dialogando com outros gêneros multimodais que favoreçam aos escolares não apenas articular os textos literários à sua periodização e características gerais, mas uma reflexão social a partir das temáticas apresentadas nos textos, uma análise das escolhas linguísticas e a oportunidade de uma educação para sensibilidade estética.