Bernardo Guimarães e a representação das relações raciais no contexto escravista do século XIX: um estudo analítico-reflexivo do romance A Escrava Isaura.
Data
Autores
Orientador
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
Este trabalho tem como objetivo analisar as complexidades das relações raciais e sociais do século XIX no Brasil, a partir da leitura do romance A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães. Para tal, enfocamos as problemáticas relacionadas à miscigenação, especialmente nas vivências de Isaura, uma escrava de pele clara e protagonista da obra. Nesse contexto, investigamos as relações-problemas identificadas no enredo, contrastando-as com questões históricas do período da narrativa. Além disso, discutimos o papel da miscigenação na obra, destacando como Isaura, apesar de sua pele clara, enfrenta injustiças devido à sua ascendência mista. Para examinar esses dilemas, realizamos uma pesquisa qualitativa fundamentada em uma leitura crítica e descritiva do acervo bibliográfico que sustenta esta monografia. O interesse pela temática surgiu do reconhecimento de que o romance reflete as disparidades enfrentadas por indivíduos sob um viés racial, fatores ainda presentes no contexto atual, tornando essencial a elaboração de pesquisas no âmbito universitário para promover a conscientização e a compreensão das experiências das comunidades racialmente marginalizadas. A análise concentrou-se em trechos específicos da obra, corroborando a hipótese de que o tratamento privilegiado recebido por Isaura, em comparação aos escravos negros, deve-se à coloração de sua pele. No entanto, sua pele clara e a classificação como bela não anulam sua miscigenação, sendo filha de uma escrava negra, o que é suficiente para que ela seja desumanizada e mantida como escrava. Como suporte teórico, este trabalho utilizou principalmente os estudos de Candido (1999-2002), Coutinho (1986), Guinsburg (1985), Moisés (2010), Munanga (2020), Nascimento (1978), entre outros estudiosos de literaturas e fatores étnico-raciais. Por fim, o romance A Escrava Isaura permitiu-nos refletir acerca das vicissitudes das identidades brasileiras, especialmente considerando as desigualdades sociais em uma nação miscigenada, onde a proximidade da identidade negra gera obstáculos, enquanto a aproximação de características brancas suscita privilégios.