Pesssoa com deficiência a tornar-se professor: narrativas sobre a formação docente
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Resumo
O crescente movimento sobre a inclusão educacional e a presença cada vez maior de pessoas com deficiência no ensino superior tornam crucial entender como os futuros professores são preparados para lidar com a diversidade em sala de aula. No entanto, a voz dos próprios estudantes com deficiência muitas vezes é negligenciada nesse processo. Neste contexto, a pesquisa buscou preencher essa lacuna e se propôs a analisar as narrativas de discentes com deficiência sobre a formação docente em curso nas licenciaturas da Universidade do Estado da Bahia para atuação em contextos inclusivos. A visão desses alunos potencializa a compreensão sobre a formação de professores em uma perspectiva inclusiva, uma vez que estão em processo de desenvolvimento profissional, ao mesmo tempo em que vivem a experiência de ser incluídos. A partir da reflexão de conceitos e formulações teóricas sobre deficiência, formação e universidade, a pesquisa, quanto aos objetivos, é exploratório-descritiva, de natureza qualitativa, tendo como técnica de coleta de dados entrevistas narrativas, visando explorar as percepções e experiências dos participantes sobre seus processos de formação nos cursos. Por meio da Análise Crítica do Discurso, as narrativas foram analisadas em três categorias principais: Deficiência, Formação e A Experiência de Pessoas com Deficiência na Universidade. Os resultados dialogaram com os princípios teóricos definidos por autores da Teoria Crítica da Sociedade, principalmente na relação do indivíduo com a sociedade e o conceito de formação. Os achados indicam que a Instituição invisibiliza e negligencia a acessibilidade e a permanência dos alunos, oferecendo poucas ações para garantir condições educacionais adequadas. Das entrevistas, nota-se que persiste a percepção da deficiência como enfermidade, resultando em conflitos de identidade e enfrentamento do capacitismo por parte dos estudantes; sobre a formação docente, prevalece a abordagem tecnicista evidenciando a lógica da pseudoformação e, embora a política de cotas seja eficaz para o acesso, há falhas na oferta de recursos e ações para que esse coletivo consiga concluir a graduação. Apesar das fragilidades, a presença dos estudantes com deficiência estimula iniciativas que contribuem para melhorar a acessibilidade no ensino superior, destacando-se também o papel crucial de alguns professores. Em suma, enquanto a universidade enfrenta desafios significativos para a inclusão efetiva de pessoas com deficiência, a presença desse grupo tem impulsionado iniciativas que podem levar a melhorias substanciais na sua experiência no ambiente acadêmico.