O urbano e o rural no sertão semiárido: relações identitárias de moradores do bairro João de Deus, em Petrolina/PE
Data
Orientador
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
O bairro João de Deus é o segundo mais populoso de Petrolina, se constitui num campo de existência complexo, em que o urbano se encontra o rural da seca e o rural da irrigação, e onde seus moradores circulam entre ruralidades e urbanidades que se combinam e se reinventam culturalmente em novas formas de territorialidade. Assim, o bairro João de Deus situa-se para além da relação dicotômica urbano-rural, pois se estabelece como um espaço diversificado onde se entrecruzam as produções de sentido e construções de identidade. Dessa maneira, surge a questão norteadora desta pesquisa: como moradores que habitam o bairro João de Deus constituem uma identidade territorial híbrida que requalifica o urbano e o rural no Sertão Semiárido? Os moradores são os sujeitos da pesquisa, cujo intuito é compreender como eles se enraízam e criam laços de pertencimento com o espaço-território, constituindo uma identidade territorial híbrida, com novas imagens e sentidos do que é Urbano e Rural no Sertão Semiárido. Desta forma, trago as questões provocativas que se movem no vasto e traiçoeiro campo das identidades cujo olhar estrangeiro, hierarquiza e estereotipa e, ao mesmo tempo, teço minha filogênese teórico-metodológica ao relacionar o espaço com o território multidimensional para chegar ao conceito de lugar, a partir de Haesbaert (2007; 2009), Lefébvre (1999), Raffestin (1983) e Carlos (2009). Em seguida estabeleço uma relação dialética entre espaço vivido e cultural para discutir a identidade territorial, em Haesbaert (1999; 2007), Almeida (2003; 2009) e Bonnemaison (2002). A discussão teórica que problematiza as interrelações entre o Sertão e o Semiárido e a emergência do Sertão Semiárido é feita por meio de Almeida (1998) Lima (1999), Morais (2009) e Vasconcelos (2012). Através de Macedo (2015), Haesbaert (1999) e Maciel; Pontes (2015), abordo as representações sociais historicamente construídas, cujos significados carregam relações de poder que se projetam como instituintes culturais para refletir a partir da experiência dos sujeitos sobre que é sertão nordestino e sua relação com o território semiárido. Então, a abordagem bourdieusiana me dirige para as diferentes definições e interrelações entre as ideias de Sertão e Semiárido como sistemas simbólicos estruturantes e estruturados. Wanderley (2001) e Locatel (2013), apoiam as categorias Urbano e Rural e caracterizam cada subespaço. Apresento o percurso metodológico que se encaminha na perspectiva fenomenológica da Etnopesquisa e Experiência, alicerçada em Macedo (2000; 2015), tendo como instrumento metodológico as narrativas autobiográficas fundamentadas em Abrahão (2003). Por fim, a análise dos dados se dá a partir de elementos da hermenêutica fundada em Souza (2007) e Gadamer (2004). Assim sendo, os processos de subjetivação cultural que constituem as identidades territoriais híbridas dos moradores do bairro João de Deus, permitem estabelecer a compreensão dos novos signos e significados que requalificam o urbano e o rural, a partir da tessitura de valores simbólico-culturais que estabelecem as próprias formas de apropriação do espaço, suas fronteiras e hibridizações.