O apagamento do -R em posição de coda silábica : há influência da fala na escrita discente?
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Resumo
Diversos fenômenos de variação linguística presentes na fala, transpostos para as produções escritas de alunos, têm sido colocados indistintamente como erros de cunho ortográfico em muitas salas de aula. Esta realidade motiva o presente estudo, haja vista a necessidade de trabalhos que sirvam de norte para práticas docentes mais situadas no universo multifacetado da nossa língua. Neste trabalho, é apresentado, à luz da Sociolinguística Laboviana, um estudo dos usos dos róticos em 192 produções escritas de alunos de ensino básico (5º e 9º anos do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio) das redes pública e privada de ensino na cidade de Salvador. Concebendo a língua como fruto das interações sociais, o estudo aqui realizado pretende verificar o papel dos fatores sociais no fenômeno investigado, sobretudo o papel do grupo social escolar no processo de aquisição da modalidade escrita da língua, por vezes, divergente da modalidade oral do aluno. Ademais visa analisar como os contextos linguísticos favorecedores da variação na fala estão presentes no apagamento do R em posição de coda na escrita desses alunos, observando desta forma como a fala pode influenciar a escrita. Para tanto, foram controladas três variáveis sociais (escolaridade, gênero/sexo e rede de ensino) e oito variáveis linguísticas (gênero textual, extensão do vocábulo, contexto precedente, contexto subsequente, modo de articulação do segmento subsequente, ponto de articulação do segmento subsequente, sonoridade do do segmento subsequente, classe morfológica do vocábulo). Os resultados revelaram que, na escrita, o fenômeno é pouco presente e, à medida que o aluno avança nas séries do ensino básico, a manutenção dos róticos em posição de coda silábica é mais recorrente, evidenciando, deste modo, o papel decisivo da escola como lugar de manutenção do padrão linguístico.