Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado Acadêmico) em Estudo de Linguagens (PPGEL)
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O Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens/PPGEL, vinculado ao Departamento de Ciências Humanas do Campus I da Universidade do Estado da Bahia, tem sua sede na cidade de Salvador/Bahia. Recomendado pela CAPES (Ofício N◦ 602-11/2005/CTC/CAPES–19/09/2005), foi implantado em 2006, ofertando o Curso de Mestrado. Na avaliação do quadriênio 2013-2016, alcançou a nota 4, obtendo, em 2020, a aprovação do curso de Doutorado. Recomendado pela CAPES e reconhecido pelo Ministério da Educação através da Portaria 997, de 23/11/2020, publicada no D.O.U. de 24/11/2020, o Doutorado tem início em 2021.
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- ItemAs estratégias de retomada anafórica do objeto direto: uma análise descritiva da fala da comunidade quilombola do Maracujá, Conceição do Coité-BA.(Universidade do Estado da Bahia, 2025-05-23) Santana, Cinara de Andrade Silva; Souza, Pedro Daniel dos Santos; Araujo, Silvana Silva de Farias; Carvalho , Cristina dos SantosO presente trabalho tem como objetivo analisar a variação na retomada anafórica do objeto direto na fala da comunidade quilombola do Maracujá, localizada no município de Conceição do Coité-BA. Fundamentando-se nos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista, a pesquisa investiga quatro estratégias recorrentes no português brasileiro para a retomada anafórica do objeto direto – pronome lexical, sintagma nominal anafórico, categoria vazia e clítico acusativo de terceira pessoa –, conforme descritas nos estudos de Duarte (1986, 2003), Cyrino (1994), Figueiredo (2004), Luz (2009). No percurso de investigação, buscou-se descrever a formação sócio-histórica da comunidade, identificar os fatores estruturais e sociais que influenciam a escolha das variantes e verificar se os contextos favoráveis às retomadas na comunidade quilombola são os mesmos observados em outras amostras do português brasileiro. Como hipótese central da pesquisa se considerou que o fenômeno linguístico analisado reflete as condições de uma transmissão linguística irregular, resultante das particularidades socio-históricas da comunidade rural afro-brasileira investigada, que apresenta características comuns a contextos de isolamento linguístico e acesso limitado a normas prestigiadas da língua. Essas particularidades contribuíram para uma maior manifestação da variação linguística e para a possível eliminação da forma mais normatizada do fenômeno na gramática dos falantes, o clítico acusativo. A pesquisa foi realizada com base em um corpus composto por 18 entrevistas sociolinguísticas, estratificadas por idade e sexo, organizado por Parceiro (2007). A análise quantitativa dos dados revelou que o fator linguístico função sintática do antecedente referente foi o mais significativo na escolha das variantes, demonstrando que a estrutura sintática desempenha um papel relevante na variação das estratégias de retomada do objeto direto. Ademais, a variável idade também se mostrou relevante, indicando diferenças nas escolhas das variantes entre gerações. Os resultados destacam a predominância da categoria vazia, evidenciando o impacto do processo de transmissão linguística irregular. Além de contribuir para ampliar o entendimento das dinâmicas de variação e mudança linguística no português brasileiro, especialmente na variedade rural afro-baiana, este estudo desempenha um papel importante na valorização da riqueza linguística da comunidade quilombola do Maracujá. Ao documentar e analisar práticas linguísticas locais, a pesquisa reforça a importância de preservar a identidade cultural e linguística de grupos historicamente marginalizados.
- ItemGramaticalização de entender no português moçambicano: de verbo cognitivo a marcador de requisito de apoio discursivo(Universidade do Estado da Bahia, 2025-06-11) Lima, Ana de Jesus; Carvalho, Cristina dos Santos; Oliveira, Josane Moreira; Souza, Pedro Daniel dos SantosNesta dissertação, temos como objetivo geral analisar, no português moçambicano (PM), os usos, gramaticalizados ou não, do verbo entender, nas seguintes formas e/ou construções: entende, entendes, entendem, tá entendendo, está a entender, entendeu e entendeste. Mais especificamente, pretendemos: (i) identificar os usos do verbo entender na variedade em questão; (ii) distinguir os usos menos e mais gramaticalizados desse verbo; (iii) descrever a trajetória de gramaticalização dos usos de entender no PM; (iv) verificar quais parâmetros linguísticos estão correlacionados à gramaticalização de entender. Para tanto, baseamo-nos nos pressupostos teórico-metodológicos do Funcionalismo norte-americano (Hopper, 1987; Martelotta; Areas, 2003; Furtado da Cunha; Costa; Cezario, 2003 etc.), especialmente naqueles da abordagem clássica da Gramaticalização (Hopper, 1991; Hopper; Traugott, 2003[1993] etc.), e em trabalhos sobre a trajetória de gramaticalização de verbos que passaram a funcionar também como marcadores discursivos de requisito de apoio discursivo (RAD) (Valle, 2001, 2014; Freitag, 2008 etc.). Para a descrição dos usos de entender, utilizamos dados empíricos do PM contemporâneo (século XXI), extraídos do Corpus do Português (Davies; Ferreira, 2006). Realizamos uma pesquisa de viés metodológico qualiquantitativo, considerando os seguintes parâmetros linguísticos: tempo e modo verbais; pessoa gramatical do sujeito; explicitude/omissão do sujeito; contexto interrogativo/não interrogativo e tipo de pergunta; presença e tipo de complemento verbal; tipo de sequência linguística. Os resultados demonstram que entender tem sido empregado, no PM, como: verbo pleno com diferentes acepções relacionadas à atividade mental (funcionando, portanto, como verbo cognitivo); verbo modal; marcador discursivo do tipo RAD; desses usos, o mais frequente na amostra é o de verbo pleno, que tende a ocorrer no presente do indicativo (nas formas entendem e entende), com sujeito explícito na terceira pessoa do singular (P3), em contexto não interrogativo, com sintagma nominal como complemento e em sequências expositivas. Em relação ao processo de gramaticalização, pudemos: (i) evidenciar uma mudança categorial de verbo pleno para verbo modal, uso em que entender deixa de ser elemento lexical e ganha função gramatical e valor volitivo; (ii) confirmar a hipótese de que o uso como marcador discursivo é o mais gramaticalizado e, consequentemente, mais abstratizado ao exercer funções interacionais. Quanto à correlação entre os usos gramaticalizados e os parâmetros linguísticos considerados na pesquisa, verificamos que entender: (i) como verbo modal, é mais utilizado no pretérito perfeito do indicativo (na forma entendeu), com sujeito explícito na terceira pessoa do singular (P3), em contexto não interrogativo, com oração encaixada não-finita como complemento e em sequências narrativas; (ii) como marcador discursivo, tende a ocorrer mais no presente do indicativo (na forma entendes), com sujeito implícito na segunda pessoa do singular (P2), em contexto interrogativo com pergunta retórica, sem complemento verbal e em sequências argumentativas. Ademais, a partir dos dados examinados, propusemos duas trajetórias de mudança para o verbo entender – verbo pleno > verbo modal e verbo pleno > marcador discursivo –, que ilustram um fenômeno denominado, na literatura funcionalista, de poligramaticalização (Braga; Paiva, 2003). Consideramos que, nas duas trajetórias, há atuação da metáfora como mecanismo motivador das mudanças categoriais de entender.
- ItemLeitura e análise do gênero textual artigo de opinião a partir do livro didático “se liga na língua”: uma contribuição para a formação do leitor(Universidade do Estado da Bahia, 2025-04-28) Lopes, Maria das Graças; Nascimento, Daniela Galdino; Santos, Oton Magno Santana dos; Oliveira, Rogério Soares deO presente estudo tem a finalidade de analisar como o gênero textual artigo de opinião é tratado no livro didático da coleção Se Liga na Língua - 9º Ano e como isso contribui para a formação de leitores críticos e interativos. A leitura é um processo fundamental para a construção do leitor. É fato que as dificuldades existem, mas ela traz possibilidades de novos saberes e novas aprendizagens e um dos principais instrumentos de trabalho e apoio pedagógico é o livro didático (LD). Responsável por contextualizar gêneros textuais, gramática e linguística, é por meio deste instrumento que se pode fazer uma leitura diária, análises e questionamentos, desenvolver habilidades, obter conhecimento para participar de discussões e interagir com outras pessoas. Assim sendo, o problema de pesquisa partiu da seguinte questão: Como o LD Se Liga na Língua, manual utilizado pelo 9º Ano, aborda a questão da leitura e análise do gênero textual artigo de opinião e de que forma contribui para a formação de leitores? Para a resolução de tal questionamento, foram elencadas três categorias de análise: a) a linguagem presente no texto artigo de opinião; b) a relação entre textos do campo jornalístico-midiático; c) a importância do gênero textual artigo de opinião na formação do leitor. Além disso, a presente pesquisa também amplia o conhecimento sobre os gêneros textuais e sua funcionalidade no contexto social, conceitua o gênero textual e sua tipologia, analisa a evolução histórica do livro didático e seus impactos no ensino da leitura e investiga a contribuição da leitura na formação do leitor. O percurso metodológico adotado se deu a partir de uma pesquisa documental complementada com a pesquisa bibliográfica, embasada por teóricos como: Bakhtin (2003; 2010), Marcuschi (2002; 2008), Koch e Elias (2006), dentre outros que tratam de reflexões acerca da leitura e gêneros textuais. Os pontos analisados concluíram que o gênero textual artigo de opinião contido no LD Se Liga na Língua - 9º Ano apresenta elementos relevantes à produção, leitura e análise que são necessários à formação de leitores críticos e participativos. Portanto, as atividades de leitura propostas pelo LD promovem a argumentação e estimulam a interpretação crítica de textos jornalísticos por parte dos leitores.
- ItemA transposição didática da coesão pronominal em livros didáticos do ensino fundamental(Universidade do Estado da Bahia, 2024) Souza, Laíssa Cardoso de; Santos, Marcos Bispo dosA presente pesquisa buscou investigar o processo de Transposição Didática (TD) da coesão pronominal em livros didáticos. Para isso, foi adotado o modelo da pesquisa pedagógica proposto por Altet (2000) e Santos (2020), que se distingue da pesquisa social aplicada à educação por estar efetivamente comprometida com a compreensão dos processos de ensinoaprendizagem. Santos (2020) enfatiza que para a pesquisa pedagógica alcançar seus objetivos precisa considerar a variável didática, sem a qual a compreensão das especificidades de uma disciplina ficaria prejudicada. Como referencial teórico adotou-se a Didática da língua, ciência emergente que estuda e produz conhecimento sobre o ensino de línguas (Dolz; Gagnon; Decândio, 2014). A TD é um dos seus elementos estruturantes que abrange desde a elaboração teórica e política de conceitos e procedimentos de ensino (TD externa) à interação entre professor e aluno na sala de aula (TD interna). A pesquisa foi dividida em duas fases, uma bibliográfica e outra documental. A primeira teve como objetivo mapear as concepções teóricometodológicas que orientam a descrição/explicação dos mecanismos de coesão pronominal e as propostas pedagógicas dele decorrentes. Na primeira fase da pesquisa documental, objetivouse investigar como se deu a TD da coesão pronominal na BNCC. Na segunda fase, foi feita uma análise de uma coleção de livros didáticos dos anos finais do Ensino Fundamental aprovada pelo PNLD do ano de 2020, com o objetivo de verificar a TD da coesão pronominal nesse material didático. Para realizar a análise das atividades, apropriamo-nos das categorias de análise propostas por Bispo (s/d)), que incluem: transposição didática, unidade didática, progressão das aprendizagens. Essas categorias fornecem uma base estruturada para identificar e avaliar aspectos fundamentais do processo de ensino-aprendizagem. Além disso, permitem uma reflexão crítica sobre a estrutura, a intencionalidade e a progressão das aprendizagens, garantindo que estejam alinhados com os objetivos educacionais estabelecidos. Os resultados demonstraram que, apesar do esforço em alinhar-se às orientações curriculares, os conteúdos relacionados à coesão pronominal aparecem de forma fragmentada nos volumes das obras analisadas. Sobre o critério da TD, por meio do qual investigamos o processo de construção de conceitos envolvidos na coesão pronominal, notamos que a coleção evita o uso de conceitos advindos da LT. Em relação ao critério da unidade didática, observou-se que os saberes relativos à coesão não são apresentados dentro de uma sequência didática lógica. Quanto ao critério da progressão das aprendizagens, notamos que há um deslocamento entre conteúdos conceituais e procedimentais, esse é um dos pontos encontrados que compromete a progressão das aprendizagens. Esses resultados levam à necessidade de reflexão sobre o papel dos materiais didáticos na promoção de um ensino de qualidade.
- ItemAdaptações de Dom Casmurro para os quadrinhos: Distintos contextos de produção e formas de criação(Universidade do Estado da Bahia, 2025-05-12) Santos, Alcione Sacramento dos; Oliveira, Sayonara Amaral de; Silva , Márcia Rios da; Silva, Tiago Barbosa daEsta Dissertação tem por objetivo analisar duas adaptações para histórias em quadrinhos (HQs) do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, ambas publicadas em 2012 e com títulos homônimos ao do romance machadiano: uma adaptação foi produzida pela Editora Ática, assinada por Rodrigo Rosa e Ivan Jaf, sendo a outra de responsabilidade da Editora Devir, com autoria de Felipe Greco e Mário Cau. A pesquisa investiga as interpretações e os desafios que emergem na transposição do romance adaptado para a linguagem híbrida dos quadrinhos, explorando a tensão entre fidelidade ao texto fonte e liberdade criativa, sem perder de vista as influências dos contextos editorial e cultural. Nesse sentido, discute-se a relevância das adaptações no ambiente educacional, considerando as demandas do mercado para a publicação de clássicos literários em formato de HQ, especialmente após a entrada dessas obras canônicas em domínio público. Além disso, é analisado o papel das legislações educacionais e dos programas governamentais, como o PNBE, na valorização e disseminação de adaptações voltadas ao espaço escolar. O estudo também examina as escolhas estéticas dos autores das HQs, em seus processos criativos, e como essas escolhas impactam na construção de suas respectivas produções. A análise se ancora em teorias da adaptação, conforme discutidas por Linda Hutcheon (2013), e problematiza a noção de fidelidade adaptativa à luz das reflexões de Robert Stam (2006). Complementarmente, fundamenta-se nas contribuições de Scott McCloud (2005; 2008) e Will Eisner (2010) sobre a gramática visual dos quadrinhos e a narrativa gráfica. Entre outros estudiosos trazidos ao diálogo neste estudo, conta-se também com as ideias de Nicolas Bourriaud (2009) sobre o conceito de pós-produção, o qual é aqui tomado para enriquecer as reflexões acerca da prática da adaptação na contemporaneidade. Em termos comparativos, considerando os distintos contextos de produção das duas HQs em análise, bem como as propostas estéticas de seus respectivos autores, constata-se que a obra de Felipe Greco e Mário Cau, produzida pela Editora Devir, explora uma autonomia criativa muito superior àquela apresentada na obra assinada por Rodrigo Rosa e Ivan Jaf, publicada pela Editora Ática.