Percepções sobre o uso da profilaxia pré-exposição ao HIV entre adolescentes homens que fazem sexo com homens, travestis e mulheres trans em três capitais do Brasil.
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Resumo
Introdução: As percepções sobre a PrEP são multifacetadas e influenciadas por informações diversas, podendo estar associadas à decisão sobre o início do uso da PrEP. Assim, o objetivo foi descrever padrões de percepções da PrEP e verificar sua associação com o início da PrEP entre adolescentes homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e mulheres trans (TrMT), bem como elaborar um material instrutivo sobre o esclarecimento das percepções que podem estar relacionadas à prevenção por meio da PrEP. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal com dados da linha de base do estudo PrEP1519, que foi uma coorte de demonstração da efetividade da PrEP oral diária, entre adolescentes HSH e TrMT, com idade entre 15 e 19 anos, residentes em três cidades brasileiras. A presente análise incluiu adolescentes inscritos no estudo de fevereiro/2019 a fevereiro/2023. A análise de classes latentes (LCA, em inglês) foi utilizada para identificar padrões de percepção da PrEP, com base em oito indicadores binários observados, com respostas do tipo concordo ou discordo. A análise de regressão logística foi realizada para estimar odds ratios ajustadas (aOR) da associação entre a percepção da PrEP e o início de uso da PrEP. Resultados: Foram incluídos no estudo 1.477 adolescentes, a maioria foi HSH (91,0%), na faixa etária de 18 a 19 anos (74,5%), autodeclarados com cor da pele preta/parda (72,0%) e, em sua maioria, iniciaram a PrEP em até 30 dias após a primeira consulta (81,4%). A minoria concordou com afirmações (indicadores) que apontavam para uma percepção negativa da PrEP: trata-se do mesmo medicamento para o tratamento do HIV (33,2%), tem muitos efeitos colaterais (26,0%), pode impactar negativamente a imagem de quem usa (24,6%), é exclusiva para HSH ou TrMT (14,0%) e para pessoas com elevado número de parceiros (11,0%), é incômodo tomar medicamentos para prevenção (10,0%), possui interações com outros medicamentos e hormônios (9,0%), e é um inconveniente que a PrEP seja igual ao tratamento do HIV (8,0%). A LCA identificou duas classes de indivíduos com relação à percepção sobre a PrEP: percepção positiva (N =1.348; 93,2%) e percepção negativa (N=99; 6,8%). Na análise multivariada, observou-se que adolescentes com percepção positiva da PrEP tiveram maior chance de iniciar a PrEP (aOR: 2,49: 1,39-4,47), após ajuste por potenciais fatores de confusão. Conclusão: O estudo mostrou que a minoria dos adolescentes concordou com indicadores de percepção negativa da PrEP, bem como a associação entre a percepção sobre a profilaxia e o início do seu uso. Com base nos resultados deste estudo, uma cartilha informativa com informações aos adolescentes sobre o uso da prevenção combinada, com destaque para o uso da PrEP, foi elaborada.