O ethos e as representações femininas do medievo, uma análise discursiva das epístolas de Heloísa a Abelardo
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Resumo
Pertencentes a um período de efervescência intelectual e de grandes discussões religiosas, Heloísa e Pedro Abelardo, um casal do século XII, têm o seu relacionamento interrompido, na Paris Medieval. Após um trágico acontecimento na vida dos dois, a castração de Abelardo, as expectativas de uma vida em comum acabam por findar-se, e Heloísa torna-se líder de um monastério, o Paracleto. Dessa forma, objetivou-se neste estudo, apreender como se constitui o ethosdiscursivo em duas epístolas que Heloísa dirigiu a Abelardo, bem como identificar algumas representações femininas do medievo nos enunciados dessas cartas. A noção de ethosapresentada por Aristóteles e reformulada no quadro teórico da Análise do Discurso, por DominiqueMaingueneau, mostra que o ethosé uma noção que se constitui por meio do discurso, sem necessariamente mobilizar uma imagem externa do enunciador e, por ser um processo interativo, tem a capacidade de influenciar o outro, sem limitar-se a ser um elemento de persuasão. Observou-se que nos enunciados das epístolas de Heloísa dispersam-se,mesmo que inominavelmente, as imagens de Eva, Maria e Madalena, complexa tríade criada pelo cristianismo, a fim de controlar e disciplinar a conduta dos cristãos. A imagem mais recorrente nas epístolas de Heloísa é o ethos da mulher apaixonada. Apreendeu-se ainda, a incidência do ethos da abadessa, da espiritualidade e da esposa, mas que guardam a pretensão de reforçar por meio dos discursos proferidos, ideologias que divergem das concepções tradicionais do século XII, principalmente as ideologias propagadas pela Igreja