Evas e Marias em Serrolândia: representações da mulher numa cidade do interior 1960-1990
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Resumo
Este estudo se propõe a discutir concepções da mulher numa pequena cidade do interior da Bahia. Analisa o ser mulher em Serrolândia dos anos sessenta aos oitenta, enfocando a sexualidade, o casamento e a familia, além das formas de repressão e resistência. Trata dos estereótipos femininos "moça de familia", "moça falada" e "puta", apontando os resquicios da misoginia da Idade Média, que fundamentou as dicotomias Eva /Maria e prostituta/santa. As fontes utilizadas são processos judiciais, livros de registro de casamentos, entrevistas e alguns materiais dos entrevistados, como cadernos de confidências, cartas de amor e outros. A importância da virgindade aparece como questão fundamental nas relações de gênero, nessa sociedade. A investigação dos padrões de comportamento impostos à mulher, para que esta fosse bem aceita socialmente, e das alternativas por ela encontradas para burlar esse controle, demonstra a existência de "poderes" femininos numa sociedade em que os valores machistas são predominantes. Os resultados do estudo revelam a importância do casamento na sociedade serrolandense, para a determinação dos papéis sociais do homem e da mulher. Indicam ainda que, dos anos sessenta aos oitenta, ocorreram mudanças na definição desses papéis, principalmente relativas à questão sexual, como fruto da influência dos movimentos de juventude ocorridos nos anos setenta no Brasil.