A influência de traumas psicológicos na formação de comportamentos infracionais em adolescentes em situação de vulnerabilidade social no Brasil
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Resumo
Este estudo propõe uma análise interdisciplinar acerca da influência dos traumas psicológicos na formação de comportamentos infracionais entre adolescentes em situação de vulnerabilidade social no Brasil. A pesquisa parte da compreensão de que a adolescência constitui uma fase sensível e decisiva do desenvolvimento humano, caracterizada por intensas transformações biológicas, emocionais e sociais. Em contextos de vulnerabilidade – marcados por pobreza extrema, exclusão social, violência doméstica, negligência parental e ausência de políticas públicas efetivas – os adolescentes são frequentemente expostos a experiências adversas que ultrapassam sua capacidade de enfrentamento psíquico. Tais traumas podem provocar alterações neurológicas e emocionais duradouras, comprometendo o desenvolvimento da identidade, a regulação emocional e os vínculos sociais. A partir de aportes teóricos da Psicologia do Trauma (Judith Herman, Bessel van der Kolk), da Teoria do Apego (John Bowlby), da Neurociência do desenvolvimento e de contribuições da criminologia crítica, o trabalho evidencia que a repetição de eventos traumáticos e a ausência de suporte institucional contribuem significativamente para o envolvimento juvenil com práticas infracionais. Nesse sentido, compreende-se que comportamentos delinquentes não devem ser analisados de forma isolada ou moralizante, mas como reflexos de um ciclo de violência que atravessa dimensões subjetivas, familiares, comunitárias e estruturais. O estudo também discute a importância dos fatores de proteção – como vínculos afetivos seguros, acesso à educação de qualidade, oportunidades culturais e políticas públicas integradas – na prevenção da delinquência juvenil e na reconstrução de trajetórias marcadas pela dor e pela exclusão. Conclui-se que somente por meio de uma abordagem intersetorial, baseada na escuta, no cuidado e na reparação, será possível promover ações verdadeiramente restaurativas que respeitem a dignidade dos adolescentes e rompam com os ciclos de violência institucionalizada.