Identidade racial: um estudo a partir das relações entre alunos no ambiente escolar
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Resumo
Este estudo objetivou analisar como a identidade dos alunos negros é construída a partir das relações estabelecidas em uma escola de Guanambi, a fim de trazer reflexões a partir dos teóricos e junto às vivências narradas pelos alunos negros sobre a sua formação identitária enquanto negro. Para isso, inicialmente foi realizada a busca pela compreensão das categorias a serem investigadas. Assim, partiu-se dos referenciais teóricos que discutem a identidade e a negritude, bem como a educação para as relações étnico-raciais a partir da lei 10.639/2003. Baseou-se ainda no parecer das Diretrizes Curriculares Nacionais para as relações étnico-raciais na perspectiva de pensar uma educação antirracista e o entendimento de um currículo decolonial, delineando-se pela interculturalidade, rompendo assim com as bases que defendem o colonialismo do ser e do saber. Na intencionalidade de alcançar os objetivos propostos, utilizou-se da metodologia de abordagem qualitativa, realizando uma pesquisa do tipo exploratória e tendo como dispositivo de produção de dados a roda de conversa realizada no campo empírico da pesquisa, que foi uma das escolas públicas municipais de Guanambi, tendo como protagonistas quatro alunos autodeclarados negros das turmas de oitavo ano. Durante a roda de conversa, os alunos revelaram os desafios que enfrentam na sua constituição e formação identitária enquanto negro e reconhecem que a forma como estes têm acontecido são causados pelo racismo estrutural. Além disso, apontaram a falta de representatividade nas posições de poder dentro do ambiente escolar e destacaram a ausência de livros de literatura e materiais didáticos escritos por autores negros ou que abordem a negritude como protagonista dentro deste espaço. Desse modo, o estudo evidencia que o racismo, entendido como uma condição estrutural e estruturante, tem deixado sua marca desde as bases curriculares que permeiam o sistema educacional, transformando-o em um campo de disputa. Essa disputa envolve a busca por um ensino que horizontalize os direitos, as vozes, histórias e culturas silenciadas que, embora constituam a maioria, são tratadas pelo sistema como minoritárias. Assim, a partir das narrativas dos alunos que compartilharam suas percepções sobre suas identidades e como estas têm sido influenciadas, foi desenvolvido um manual de subsídio na promoção da educação antirracista para os professores e coordenadores. O conteúdo deste manual se estruturou em forma de propostas e sugestões que visam protagonizar e ampliar a representatividade dos estudantes negros no ambiente escolar, bem como traçar caminhos rumo à luta por uma educação antirracista.