“Gente pequena e gente grande” – o que dizem as crianças de um CMEI em Eunápolis- BA sobre ser criança e ser adulto
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Resumo
Considerando como ponto de reflexão as especificidades que caracterizam as crianças em seus modos de vida, nos remetemos a analisar o que é ser criança e o que é ser adulto a partir das contribuições das crianças. Numa lógica adultocêntrica, muitas seriam as possibilidades de respostas a essa questão, no entanto, o intuito dessa pesquisa foi possibilitar outras respostas a partir da escuta de crianças. Como alternativa teórica, nos fundamentamos em estudos multidisciplinares, sobretudo os da filosofia da infância, os estudos socioculturais e os da psicologia e sociologia da infância, tomando as infâncias, e não mais a infância, como categorial social e as crianças a partir da ideia do acontecimento, ou seja, circunstanciadas em suas experiências e vivencias. Nos encaminhamentos metodológicos do trabalho de campo optamos por uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório, adotando procedimentos que pudessem garantir a fala e a participação efetiva das crianças. Recorremos ao desenho infantil como estratégia de aproximação e recurso mediador para as interlocuções com as crianças. O trabalho de campo contou com a colaboração de 15 (quinze) crianças de 5 (cinco) anos de idade, de um Centro de Educação Infantil situado na cidade de Eunápolis- Ba. As informações obtidas foram organizadas e descritas através da análise de conteúdo. As interlocuções com as crianças e os indícios dos seus desenhos puderam revelar as atividades que distanciam e aproximam adultos de crianças. Os resultados da pesquisa apontam que, para as crianças, a infância, assim como a vida adulta, também é uma categoria geracional, atravessada por circunstâncias sociais, culturais, econômicas e políticas que as singulariza, o que coincide com a concepção de “infâncias” dos autores/teóricos tomados como base neste estudo. Em seus desenhos e suas falas deixaram evidente que ser criança é poder fazer coisas que adulto não faz e também ter a possibilidade de viver experiências prazerosas como: brincar e desenhar. Ressaltaram que a atividade do trabalho, o acesso aos bens do mundo letrado, o consumo, a constituição de uma família são elementos próprios da pessoa adulta. Os artefatos de mídia também foram citados em situações envolvendo crianças e adultos em seus lares, o que indica o quanto a complexa dinâmica da sociedade contemporânea, com seu aparato tecnológico, faz surgir uma nova ordem nas relações, encurtando as distancias entre o adulto e a criança. Nesse sentido, é pertinente dizer que as análises desse grupo de crianças deixaram indícios e possibilidades de se construir novas configurações e caminhos para as distancias ou aproximações geracionais, numa perspectiva dialógica e ética que respeite a criança em suas singularidades.