Entre sons, palavras e sentidos: o protagonismo infantil em atos de leitura e contação de histórias com bebês e crianças bem pequenas na creche
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Resumo
O presente trabalho tem como objeto de estudo os atos de contação de histórias e de leitura com bebês e crianças bem pequenas na creche, com idades entre dez meses e dois anos e onze meses, sujeitos da pesquisa. Buscou compreender como as crianças, colaboradoras da pesquisa, interagem e parecem construir significados a partir da escuta de histórias contadas ou lidas. Definidos o tema e o objeto da investigação, a atenção se voltou para a questão de pesquisa: Como as crianças participam, interagem e vivenciam os atos de leitura e contação de histórias em uma creche pública do município de Salvador? O interesse científico se materializa no objetivo geral de desenvolver experiências literárias mediadoras com atos de leitura e contação de histórias para observar como os bebês e crianças bem pequenas se constituem interlocutoras/interagem entre si e com o texto. em uma creche pública do município de Salvador-Bahia, locus da pesquisa. Os objetivos específicos visam: a) investigar como os bebês e crianças bem pequenas interagem com a experiência literária; b) observar as vivências de atos de leitura e contação de histórias com bebês e crianças bem pequenas e c) analisar as práticas de leitura e de contação de histórias no cotidiano da instituição em correlação com a compreensão dos sentidos que os bebês e crianças bem pequenas podem atribuir a essas vivências. Visando revelar a questão de pesquisa, como metodologia de abordagem qualitativa, foi privilegiado o estudo de cunho etnográfico, inspirado em Coulon (1995), considerando a complexidade e a necessidade de um olhar multirreferencial na construção de uma pesquisa com bebês e crianças bem pequenas. Para isso, foi necessário compreender a polissemia desse ambiente tão singular (MORIN 1996, 2003, 2006; ARDOINO 1995, 1998). Assim, o método tem como referência alguns dispositivos da pesquisa-ação (BARBIER 2007) e inspirações da Etnopesquisa Crítica e Multirreferencial por se apresentar como uma pesquisa qualitativa voltada para o conhecimento das ordens sociais e culturais em organização (MACEDO, 2004, 2009, 2013, 2015. A análise dos resultados revela como os bebês e crianças bem pequenas protagonizam os atos de leitura e contação de histórias em suas experiências primeiras e como em seus processos de subjetivação parecem atribuir sentidos para estes atos, analisados a partir da perspectiva etnocenológica, descritos em Contextos Dialógicos e Cenas Simbólicas (ALMEIDA, 2014). Para fundamentar estas discussões, o referencial teórico se apoia nos seguintes autores: Piaget (2007); Piaget e Inhelder (2006); Vygotsky (2014, 2011). O processo investigativo e interpretativo está ancorado na Sociologia da infância (ABRAMOWICZ, 2011; SARMENTO, 2007, 2009; CORSARO, 2011) e na Literatura (SISTO, 2015; OLIVEIRA 2019). Os resultados revelam que os bebês e crianças bem pequenas são capazes de compreender os sentidos dos textos e atribuir significados aos atos de leitura e de contação de histórias, conquistando o enleituramento.