Os homens de Jorge Amado: masculinidade, identidade e mestiçagem em Jubiabá e Tenda dos Milagres
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Resumo
Este trabalho analisa as representações de masculinidades não brancas nos romances Jubiabá (1935) e Tenda dos Milagres (1969), de Jorge Amado (1912-2001), relacionando-as à construção da identidade nacional brasileira a partir de discursos de raça e mestiçagem. A pesquisa está inserida no campo da História Cultural, com ênfase na Antropologia Histórica e nos Estudos de Gênero e Raça. Parte-se do pressuposto de que as obras literárias de Amado não apenas refletem o imaginário social de sua época, como também participam ativamente da produção de sentidos sobre masculinidade, identidade racial e mestiçagem no Brasil do século XX. A dissertação estrutura-se em três capítulos: o primeiro aborda a trajetória inicial de Jorge Amado até a publicação de Jubiabá e analisa o protagonista Balduíno como figura representativa da masculinidade negra; o segundo trata do período intermediário entre 1935 e 1969, com destaque para o amadurecimento político e estético do autor, culminando na construção da figura do homem pardo em Tenda dos Milagres; e o terceiro analisa as convergências entre mestiçagem, identidade e nacionalismo a partir da representação do personagem Pedro Archanjo como símbolo do Brasil mestiço. A metodologia empregada combina análise historiográfica e crítica literária, fundamentada em autores como Roger Chartier (2002), Joan Scott (1986), Muniz Sodré (2023) e Kabengele Munanga (1999). Também se propõe refletir sobre as transformações conceituais no campo dos estudos raciais e de gênero, bem como suas implicações para a compreensão da mestiçagem como categoria cultural e política. Defende-se que Jorge Amado, por meio de suas representações de homens negros e pardos, contribui para uma redefinição da identidade nacional, deslocando o paradigma da branquitude e apontando para a valorização das experiências mestiças.