Esta dissertação traz reflexões sobre a invisibilidade de pessoas transexuais e travestis na Educação de Jovens e Adultos (EJA), tomando como referência a realidade do município de Capim Grosso (BA). O objetivo geral consiste em caracterizar a estrutura da EJA enquanto perspectiva de gênero na inserção de transexuais e travestis nesse meio, investigando o processo formativo dessas pessoas no Colégio Municipal Edivaldo Machado Boaventura. Para tanto, foram estabelecidos como objetivos específicos: (I) identificar as abordagens de ensino empregadas pelos docentes na inserção de indivíduos transexuais e travestis; (ii) descrever a prática pedagógica à luz das diretrizes de diversidade e inclusão; (iii) refletir sobre as políticas educacionais municipais que buscam viabilizar a inserção e a permanência dessas pessoas na escola (iv) compreender o ponto de vista dos professores de Capim Grosso acerca da educação sob a ótica de gênero, a partir de sua formação, propondo novas perspectivas para a docência;;; e (v) desenvolver oficinas e seminários formativos voltados a professores e estudantes da rede municipal, estimulando o debate sobre diversidade de gênero. A pesquisa seguiu uma abordagem qualitativa, fundamentada em análise documental: foram utilizados como instrumentos de coleta e produção de dados o formulário de autodeclaração, entrevistas, observação participante e registros em diário de campo, tratados por meio da triangulação metodológica. Os resultados revelaram a predominância de respostas heteronormativas e cisgêneras, além de um número expressivo de não respostas, evidenciando o silenciamento institucional em torno das questões de gênero e sexualidade. Ainda assim, foi possível identificar entre os estudantes o reconhecimento da importância do tema para a construção de uma escola mais inclusiva. Como contribuição prática, esta dissertação apresenta o produto educacional “Oficina de Formação Docente: Ação e Reflexão na Perspectiva de Gênero”, com o intuito de sensibilizar e instrumentalizar educadores para o acolhimento de pessoas transexuais e travestis na EJA. O estudo conclui que a formação docente crítica, articulada a políticas públicas efetivas, é condição essencial para assegurar o direito à educação de sujeitos historicamente marginalizados e para consolidar uma pedagogia comprometida com a equidade e a justiça social.