A presença de crianças em salas de EJA noturna no semiárido nordestino: táticas/astúcias de mulheres educandas para permanência e conclusão dos estudos
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Resumo
Esta pesquisa buscou compreender a cultura escolar que vem se construindo na EJA a partir das astúcias utilizadas pelas estudantes ao levarem suas crianças para as salas de aulas noturnas como tática de permanência. De forma específica, busquei analisar a ideia de contexto percebida nas turmas de EJA e pela Secretaria de Educação e como essa se efetiva em políticas públicas de permanência das educandas jovens e adultas, identificando as políticas desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Educação/Escola para o enfrentamento da problemática das crianças que são levadas pelas educandas jovens e adultas para as salas de aulas noturnas. A base empírica da pesquisa foi uma escola da Rede Municipal de Ensino de Juazeiro, localizada no bairro Argemiro e que teve como atores as educandas que levam crianças para a escola de EJA noturna, professores, gestor, coordenador pedagógico e funcionários como também equipe técnica da Secretaria Municipal de Educação. A metodologia utilizada apresenta a abordagem qualitativa como opção para a pesquisa e a fenomenologia como filosofia norteadora, além de recorrer à observação participante como opção para a pesquisa de campo e o estudo de caso como método qualitativo. Assim, os dados coletados revelam que garantir o acesso à EJA significa ir além do direito básico do sujeito de ter uma escola para se matricular, o que denota compreender todas as redes e teias em que o sujeito da EJA está envolvido e que a escola/sistema de educação não pode negligenciar. Examinando a dinâmica da cultura escolar, que vem se construindo na escola estudada a partir da presença das crianças que acompanham as educandas jovens e adultas em salas de aula como princípio desvelador do pensar políticas públicas para além do acesso, observa-se que se trata de uma cultura particular e especifica, mas, sobretudo, de um caminho epistêmico, que se faz para se entender a continuidade da biofilia da EJA em tantas outras escolas e não somente nas de Juazeiro. Diante disso, esta pesquisa é também um trabalho político, sem, no entanto, assumir a condição de um manifesto político, fundado exclusivamente no viés ideológico. Contudo, o mérito deste trabalho é trazer e mostrar a realidade da cultura escolar noturna de uma escola de periferia do município de Juazeiro - BA estabelecida a partir da presença das crianças nas salas de aulas noturnas, que são trazidas por suas mães ou outras mulheres por elas responsáveis, como possibilidade de permanência dessas mulheres na escola. Acredito que esta seja a essência do que representa este trabalho no campo epistemológico/social/político/cultural/institucional da EJA, revelar os desafios entranhados na garantia do direito à Educação, quando se pensa que, neste país, uma mulher precisa estudar e não tem com quem deixar seus filhos.