OBJETIVO: Analisar a associação entre o uso de transporte individual e coletivo e o comprometimento da mobilidade funcional em brasileiros com 50 anos ou mais. MATERIAL E MÉTODOS: Estudo transversal com dados do ELSI-Brasil, envolvendo 9.949 participantes. Foram utilizados questionários domiciliares e individuais, abordando características socioeconômicas, de saúde, estilo de vida e uso de transporte. O comprometimento da mobilidade foi definido pela dificuldade autorrelatada para caminhar, subir escadas, se agachar ou carregar peso superior a 5kg. Os indivíduos com e sem comprometimento da mobilidade foram comparados quanto ao uso de transporte individual (possuir veículo disponível e ter dirigido nos últimos 12 meses) e coletivo (frequência de uso de transporte público), sendo usado o teste de qui-quadrado de Pearson para analisar as diferenças entre os grupos. RESULTADOS: A média de idade dos participantes foi 63,3 anos (±0,3), com 55,2% apresentando comprometimento da mobilidade. Em relação ao transporte, 54,9% possuíam veículo individual, mas apenas 27,0% conduziram algum carro no último ano. Quanto ao transporte coletivo, 45,5% afirmaram ter usado nos últimos doze meses. Entre os indivíduos que não conduziram veículos houve maior percentual de pessoas com mobilidade comprometida (61,9%) do que entre aqueles que conduziram (38,9%, p<0,001). Essa relação também foi observada para a posse de veículo, que foi menor entre os que apresentaram mobilidade comprometida (52,3% vs. 58,6%, p<0,001). O uso de transporte público também foi menos frequente entre aqueles com comprometimento da mobilidade (52,4% vs. 57,8%, p=0,002). CONCLUSÃO: Brasileiros de meia idade e idosos com comprometimento da mobilidade apresentaram significativamente menos acesso ao transporte individual ou coletivo. Este estudo evidencia a necessidade de políticas públicas que ampliem o acesso a transporte por parte dessa população.