Esta dissertação discorre sobre a constituição identitária dos professores enfermeiros do ensino médio profissionalizante, tendo em vista que, nos últimos tempos, o enfermeiro vem buscando cada vez mais a docência, unindo seu conhecimento prático assistencial à sua carreira de professor. Para isso, a pesquisa intentou compreender as implicações da identidade profissional constituída na formação do enfermeiro para sua atuação docente no Centro Estadual de Educação Profissional/CEEP, em Saúde Tancredo Neves, no município de Senhor do Bonfim/BA. A fim de ampliar o olhar acerca da educação profissional, o embasamento teórico se deu a partir das produções de discutir a trajetória da formação e a identidade profissional desses sujeitos que se constituem professores. Para tanto, optou-se pela pesquisa qualitativa, inspirada na pesquisa - formação colaborativa, na vertente filosófica da hermenêutica, e ancorada na abordagem (auto) biográfica. Nessa perspectiva, a investigação aconteceu em três momentos: no primeiro, foram construídos os dados com base nas entrevistas narrativas; no segundo, foi aplicada a técnica de “Opção de valores”, por meio de um questionário estruturado, que consistiu numa análise crítica dos problemas/temáticas, extraídos das narrativas, as quais os sujeitos colaboradores consideraram prioritários, para posterior construção colaborativa da Proposta de Formação Docente, desdobramento da pesquisa. Assim, participaram dez colaboradores enfermeiros que: atuavam em sala de aula e exerciam um tempo superior a dois anos de ensino na instituição. As narrativas envolveram as trajetórias familiares, escolares e profissionais dos docentes, permitindo conhecer as experiências que marcaram e tornaram-se ações formativas da pessoa e do profissional docente que eles se tornaram. Constatou-se que a identidade pessoal e profissional se desenvolve na teia de relações que vão se estabelecendo em seu desenvolvimento profissional, o que inclui a formação inicial, as experiências pedagógicas adquiridas, vivências familiares, espaços educacionais e sociais. Os resultados indicaram que os enfermeiros se tornam professores impelidos pelo desejo de ensinar, vocação e a possibilidade de estudar, como também como complementação da renda profissional, sendo influenciados por professores de sua trajetória formativa e por familiares. Desse modo, para a maioria, não houve um preparo sistemático e intencional para se tornarem professores. Os relatos revelaram também que a construção real do ser professor em enfermagem foi representada por sua experiência de estar professor. A formação do enfermeiro nos moldes de bacharelado visa preparar o acadêmico para atuar nas áreas específicas da saúde, em nível hospitalar ou de saúde pública. Nesse sentido, o estudo aponta para uma carência de formação pedagógica específica para o exercício da docência no ensino profissionalizante de enfermagem, na medida em que os professores, para darem conta de seu trabalho, recorrem ao saber da prática e às referências acadêmicas passadas. Acredita-se, ser necessário, investir na dimensão pedagógica da docência, tanto na formação inicial, e aqui se evidencia a relevância da licenciatura, tanto na formação continuada dos professores, no empenho pessoal, institucional, para que se alcance um exercício emancipador e autônomo.