No rastro dos vaqueiros: solidariedade, conflitos, dependência e autonomia (Morro do Chapéu, segunda metade do século XIX)
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Resumo
Este trabalho tem por objetivo analisar as redes de solidariedades, conflitos, relações de dependência e os espaços de autonomias dos vaqueiros em Morro do Chapéu, Chapada Diamantina, Bahia, na segunda metade do século XIX. Para materializá-lo, utilizei do paternalismo de E.P. Thompson e o método indiciário defendido por historiadores da microhistória como Carlo Ginzburg. Minhas principais fontes utilizadas foram processos criminais, especialmente sobre furto de gado, inventários, partilhas de bens etc. O uso de inventários (de vaqueiros e seus familiares em primeiro grau) permitiu analisar qualitativamente aquisições de bens materiais para além dos ligados à pecuária. Discuti as relações de dependência entre vaqueiros e fazendeiros por meio do agregamento e meação, percebi ainda que as relações de trabalho extrapolaram as barreiras estritamente laboral, se estendendo ao apadrinhamento e compadrio. Mesmo percebendo os laços de dependência, procurei identificar as possíveis autonomias dos vaqueiros na busca pela sobrevivência, por melhores condições de trabalho e espaço socioeconômico. Para contextualizar o espaço da pesquisa, contei com trabalhos que tratam sobre o município de Morro do Chapéu, alguns dos quais apresentam os mesmos personagens trabalhados por mim ou pessoas que estabeleceram relações com eles/as. Além disso, utilizei estudos de outras regiões cuja economia baseava-se também, mas não somente com a pecuária.