Lues e as roseiras decaídas: biopoder e convenções de gênero e sexualidade em Jacobina 1930-1960
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Resumo
A pesquisa tem como objetivo uma análise das formas de operacionalização do biopoder na cidade de Jacobina-Bahia, através das estratégias de poder presentes nos discursos de jornal e rádio, nas formulações biomédicas e nos processos judiciais, que se empenhavam para a construção das convenções de gênero e sexualidade. Além disso, verificam-se as apropriações, ressignificações e ambivalências presentes nas práticas sociais de homens e de mulheres jacobinenses, em relação à imposição de modelos de masculinidade e feminilidade, e as conseqüentes injunções com a classe social. Em um contexto de extração aurífera, observou-se a invisibilização da sífilis - doença comum naquele meio social - nos atestados de óbito, e uma série de produções discursivas sobre as prostitutas - enquanto ícones da sexualidade desviante por excelência - como forma de impor a ordem, essencializando os papéis de gênero. As fontes utilizadas foram os jornais Vanguarda e O Lidador, com notícias sobre o cotidiano urbano; o Código de Posturas Municipal, portador de normas de convívio social; relatos orais, que possibilitaram a compreensão da ação dos diversos agentes envolvidos no contexto; processos judiciais, na percepção de como as prostitutas circulavam no espaço urbano, articulavam redes de solidariedade e quebravam com padrões de moral; as teses da Faculdade de Medicina da Bahia, que revelaram idéias presentes no espaço acadêmico reproduzidas pelos médicos de Jacobina; e relatórios médicos, que contêm informações sobre a situação do sistema hospitalar no período estudado, além das dificuldades encontradas no tratamento de doenças.