Esta pesquisa tem como objetivo compreender as práticas pedagógicas da Casa Pia Colégio de Órfãos de São Joaquim, destinadas à formação moral e profissional dos meninos pobres, órfãos e porcionistas recolhidos em Salvador, entre os anos de 1824 até 1850, período simultâneo ao processo de implantação / construção do Estado Nacional do Brasil. A pesquisa se baseia em leituras sistemáticas e problematização das Leis e Decretos educacionais vigentes no período, livro de matrícula, pasta dos órfãos e porcionistas, estatuto e atas da Mesa Administrativa da instituição, relatos de professores de primeiras letras, relatórios dos presidentes da província além de periódicos que circulavam em Salvador no período. Recorre-se aos conceitos/categorias analíticas lógica histórica, experiência e cultura propostas por E. P. Thompson (1987, 1997), dialogando com reflexões historiográficas produzidas por Certeau (1994), Faria Filho (2000, 2003), Foucault (2003), Araújo e Gatti Jr. (2002), Gondra e Schueler (2008), Jinzenji (2002), Matta (1996), Nunes (1997, 1999, 2003), Rodrigues (1998), Rizzini (2004), Schueler (2001) e Sousa (2006). Resultados indicam que a instituição teve uma atuação relevante no processo de formação do Estado Nação inserido no projeto de modernização no pós-independência que, na ótica de grupos sociais das camadas dominantes, era necessário para solucionar o controle das crianças oriundas das camadas pobres que “perambulavam pelas ruas cometendo variados delitos e arruaças”, promover o ordenamento da cidade e a moralidade.