A discursivização do feminicídio na mídia digital brasileira
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Resumo
Mulheres são assassinadas diariamente. Acredita-se que esse fato possui implicações históricas e sociais, dentre as quais destaca-se raízes fincadas no contexto da “caça às bruxas”, na Europa, no final do século XIV e início do século XV, quando as mulheres acusadas de bruxaria eram inquiridas, reprimidas, perseguidas e queimadas nas fogueiras. Esse fenômeno se constituiu, essencialmente, em uma operação judicial e despertou interesse pelo fato de revelar o espírito de uma época que se atualiza. Quanto à metodologia, esta pesquisa amparou-se na área da Análise do Discurso de orientação francesa. As teorias em torno do discurso serão produtivas nesta investida, pois, enquanto campo de saber, proporciona um diálogo com diversas teorias e conceitos, bem como oferece as condições do método. Nesse campo científico, segundo Orlandi (2015), há dois dispositivos que constroem a metodologia de pesquisa: dispositivos teórico e analítico. Desse modo, esta pesquisa busca analisar a discursivização do termo feminicídio a partir de casos reais repercutidos na mídia digital na atualidade. Este estudo, para atingir seus objetivos propostos, recorreu-se, principalmente, a teorizações sobre memória discursiva, discurso, enunciado e sujeito conforme Foucault (2008), Pêcheux (1999), Fernandes (2008) e Orlandi (2015); sobre perseguição às bruxas consoante Federici (2019); e sobre feminicídio, a partir de Pasinato (2011). Especificamente, busca-se discutir como o termo feminicídio atualiza uma memória discursiva presente no livro O martelo das feiticeiras e analisar os efeitos de sentido que emergem sobre o termo em investigação na mídia digital. Depreende-se que O martelo das feiticeiras, lido a partir de uma perspectiva ou abordagem discursiva, favorece o entendimento e aprofundamento sobre o período da caça às bruxas e sobre a continuidade e mudanças dos discursos que alimentam os estereótipos de inferiorização da mulher.