O câncer representa a segunda causa de morte para crianças e adolescentes, sendo a faixa entre 15 e 19 anos a que apresenta maior risco de morte no Brasil. Diante das especificidades da adolescência e o sofrimento em decorrência do acometimento do câncer, se faz fundamental a presença de uma equipe compostas por diversas profissões que atuem de forma interprofissional, pelo que os programas de residência multiprofissionais se constroem como uma possibilidade de ensino interprofissional, com base na educação permanente em saúde. Objetivos: Compreender a percepção de residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde de uma universidade pública sobre o cuidado produzido de forma interprofissional em relação aos adolescentes que vivem com câncer, em unidades de saúde da cidade de Salvador e elaborar uma proposta de intervenção para os residentes a partir das considerações advindas da pesquisa, para os órgãos institucionais relacionados ao programa de residência Multiprofissional. Metodologia: Pesquisa qualitativa exploratória, utilizando-se da cartografia em saúde como norteador teórico para a coleta e análise dos dados. Foram ferramentas de coleta a entrevista semiestruturada e diário de campo, sendo as entrevistas realizadas de forma virtual. Na análise, foi explorada a implicação da pesquisadora com o estudo. Resultados e discussão: Na análise dos dados, foram construídos 4 analisadores: O entreprofissional ou o desamparo: Não há ou procura-se um lugar?; a naturalização do desamparo no cotidiano do processo de trabalho; A multiprofissionalidade ou a individualização do cuidado: como produzir o entre? e; o entreprofissional: uma possibilidade. A partir dos resultados, foi elaborado um artigo sobre as percepções dos residentes sobre cuidado inter/entreprofisisonal e um projeto de intervenção, com duas propostas de espaços de reflexão sobre essas temáticas para os residentes multiprofissionais. Conclusões: Neste estudo observaram-se entraves no processo de trabalho e sofrimento psíquico dos residentes, o que dificulta o fazer interprofissional. Por outro lado, destaca-se a importância e o desejo dos residentes de extrapolar os limites das profissões, colocando a sua subjetividade ao cuidar, em direção ao inter e entreprofissional. a cartografia mostrou-se como uma abertura à interconexão de diversos espaços de intersubjetividade dentro da produção do cuidado.