Alguns aspectos da vida de João Alves de Torres ou Joãozinho da Goméia (1946 - 1971)
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Resumo
Este artigo analisa alguns aspectos da trajetória de João Alves de Torres Filho, conhecido como Joãozinho da Goméia (1914–1971) que foi uma das figuras mais emblemáticas do Candomblé no Brasil do século XX. A pesquisa tem como objetivo compreender como sua atuação religiosa, pública e midiática contribuiu para a visibilidade, reinvenção e afirmação das religiões afro-brasileiras em um contexto marcado por racismo estrutural, marginalização cultural e normatividade de gênero e sexualidade. Utilizando uma metodologia qualitativa, que integra análise documental, fontes orais e reportagens icônicas veiculadas em revistas como O Cruzeiro e Manchete, o estudo se organiza em torno de três eixos: a sua iniciação religiosa em meio a disputas simbólicas no Candomblé baiano; suas inovações rituais e estéticas, incluindo o culto a caboclos e a afirmação de sua identidade homoafetiva; e sua projeção pública no Rio de Janeiro, onde fundou o terreiro da Goméia e atuou intensamente nos meios de comunicação e na cultura popular. A análise fundamenta-se em diálogo com autores que destacaram seu papel estratégico da mídia na construção de sua imagem pública. Joãozinho utilizou os circuitos midiáticos para ampliar o reconhecimento do Candomblé, tensionando fronteiras entre o sagrado e o profano, o tradicional e o moderno. O artigo conclui que sua trajetória revela importantes estratégias de resistência e visibilidade adotadas por lideranças negras, contribuindo para os debates contemporâneos sobre identidade, diversidade e representatividade religiosa no Brasil.