“Feias não, mal-informadas”: o controle social dos corpos das mulheres a partir da nova enciclopédia da mulher na década de 1960
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Resumo
Este trabalho analisa a Nova Enciclopédia da Mulher, uma adaptação brasileira da obra francesa Encyclopédie de la Femme, publicada por Fernand Nathan em 1950, em Paris, e traduzida no Brasil entre 1957 e 1973. O material colaborou para a construção de uma feminilidade heteronormativa que fortaleceu o patriarcado, funcionando como instrumento de controle dos corpos femininos e reforçando uma moral conservadora. Publicada em um período marcado pelo crescimento dos movimentos feministas, observamos que a enciclopédia reforçava o imaginário anticomunista da década de 1960, ao mesmo tempo em que contribuía para a ascensão da classe média brasileira e incentivava seu perfil consumista por meio de estratégias de diferenciação social. Partindo das perspectivas das relações de gênero e interseccionalidade, notamos que as imposições de padrões de beleza presentes no material ultrapassavam o aspecto estético, atuando como uma arma política para limitar as mulheres e excluir corpos que não correspondiam ao ideal imposto, como os de mulheres negras, indígenas, gordas e dissidentes. Assim, a enciclopédia é compreendida como uma ferramenta que não apenas orientava comportamentos, mas também reafirmava estereótipos e perpetuava desigualdades sociais.