Histórias cruzadas de professores: memórias de letramento e de práticas pedagógicas em escolas rurais
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Resumo
No âmbito dos estudos sobre ruralidades, letramento e formação docente, essa tese tem o objetivo de investigar possíveis implicações e relações entre memórias de letramento e de práticas pedagógicas, ao apreender saberes e práticas de letramento de professores, bem como discutir percepções docentes sobre processos de formação e autoformação. Realizou-se em regime de colaboração com doze professores que nasceram, estudaram e atuam em escolas rurais, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, na cidade de Iraquara-BA. Inscreve-se no panorama intergeracional de investigações que tomam as histórias de vida como metodologia de pesquisa-formação, de modo que aborda aspectos axiológicos, epistemológicos, políticos e metodológicos da escuta aos professores. Adota-se o ateliê biográfico rural como dispositivo de investigação-ação-formação e como política de sentidos para a formação de professores, a partir de três tempos e dois movimentos. Enquanto os tempos relacionam-se à escrita de memórias de letramento, de relatos pedagógicos e às histórias cruzadas de professores, os movimentos referem-se à heteroformação e a autoformação. Na vertente das memórias de letramento na infância, contrasta a aridez das práticas escolares tradicionais com a fertilidade do letramento informal forjado em espaços não escolares rurais. Na perspectiva do letramento emancipatório, discute modos como práticas pedagógicas inovadoras, no cotidiano escolar, são construídas pelos professores, a partir de projetos de letramento e redes de sociabilidade. No campo da formação, problematiza questões sobre inovação pedagógica e rupturas, tematiza a aprendizagem docente como deslocamentos tensionados por múltiplas temporalidades e dilemas e destaca o espaço-tempo da escola como ateliê de formação. Defende a tese de que os professores remodelam horizontes iniciais e insurgem como design de currículo e autores de práticas avançadas, ancorados pela formação no contexto da escola. Conclui que estão em marcha pequenas revoluções em escolas rurais, haja vista a emergência da pedagogia da esperança alicerçada no letramento emancipatório e na construção de escolas itinerantes.