Do gênero aos gêneros: identidade de gênero feminino nos gêneros textuais predominantes no livro didático de língua portuguesa, Coleção 2015, do CEPLFS
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Resumo
O trabalho ora apresentado objetiva compreender quais representações sobre identidade de gênero estão veiculadas nos gêneros textuais predominantes no livro didático de Língua Portuguesa do Ensino Médio, selecionados pelo PNLD, 2015, em especial a coleção selecionada pelos docentes do Colégio Estadual Prof.ª. Luzia Freitas e Silva, situado na cidade de Campo Formoso-Ba, a fim de analisar como essas representações socioculturais podem empoderar ou fragilizar a imagem do sujeito feminino. Além disso, objetiva-se nessa pesquisa mapear os gêneros textuais que tratam dessa temática, levando em consideração suas estratégias discursivas, e avaliar as representações de identidade de gênero do sujeito feminino apresentadas pelos docentes do referido colégio. As coleções foram investigadas com base no Guia de Livros Didáticos, 2015, Língua Portuguesa do Ensino Médio, responsável pelas resenhas das coleções aprovadas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Como abordagem teórica recorremos aos estudos de Beauvoir(2016); Hall (2014); Louro (1997); Fagundes (2005); Moscovici (1961) e Orlandi (1980) entre outros. O estudo é de abordagem qualitativa, uma vez que esta busca entender os fenômenos que envolvem os seres humanos e suas relações sociais estabelecidas em diversos ambientes. O pressuposto epistemológico baseia-se no paradigma interpretativo, tomando-se como método a análise de discurso francesa por essa possibilitar a compreensão da linguagem em seu funcionamento discursivo, rompendo com o pseudo-entendimento da mera expressão e transmissão do pensamento. Como técnicas de coleta de dados, destacaram-se o trabalho de campo e a pesquisa documental. A partir da pesquisa, percebe-se que nas coleções selecionadas pelo PNLD(2015) há predomínio masculino e a abordagem feminina é pontual. Os gêneros predominantes da coleção selecionada pelo CEPLFS mostram o feminino com estereótipos, emotividade, imposição patriarcal, posicionamentos machistas, com discursos passíveis de reflexões, tanto o discurso do enunciador, quanto do discurso pedagógico, uma vez que os gêneros textuais são utilizados para um trabalho com a gramática normativa, ilustração ou para as avaliações externas, sem haver um profundo olhar sobre os sentidos implícitos e ideologias contidas nas entrelinhas dos discursos. A partir da pesquisa, percebeu-se que as representações de identidade de gênero apresentados pelos docentes derivam das representações oriundas da sociedade, visto que foram educados e vivem num espaço androcêntrico. Reflexões e ações interventivas sobre as representações acerca da identidade de gênero, veiculadas pelo livro didático, e a (des) construção de concepções cristalizadas são necessários para uma educação qualitativa.