Impactos do fechamento de turmas da EJA em Salvador: proposta para ações interventivas
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Resumo
Esta pesquisa, de caráter interventivo, teve como objetivo investigar o fechamento de turmas da educação de jovens e adultos em 44 escolas na rede municipal de ensino de Salvador, em dezembro de 2021, notadamente em Itapuã; bem como compreender os impactos socioeconômicos e culturais na vida dos sujeitos que estudavam em duas das escolas que tiveram o noturno encerrado em plena pandemia, identificando os critérios adotados para a promoção desse fechamento em massa, assim como sua aplicabilidade, com vistas a propor algumas ações interventivas. A motivação surgiu em decorrência da atuação profissional e de algumas questões de cunho pessoal da pesquisadora que, há mais de vinte anos, trabalha com e para a EJA, entre lecionar e coordenar nesta modalidade de ensino. Para fundamentar essa pesquisa, acerca dos discursos existentes no campo da educação de jovens e adultos, utilizou-se os aportes teóricos de Freire (1991; 1997; 2001; 2014a; 2014b; 2015), Gadotti (2008; 2013; 2014) e Arroyo (2001, 2006; 2011). No que se refere a trajetória da EJA no contexto educacional brasileiro, o pensamento e as reflexões apresentadas por Paiva (2003), Haddad (1992; 2007), Jardilino e Araújo (2014) norteiam o discurso. Estudos recentes de Laffin, Machado e Martins (2021), Filho et al. (2020) e Azevedo (2018) abordam a questão do fechamento de turmas de EJA e, por fim, Gil (2023) e Chizzotti (2018) oferecem elementos importantes para fomentar o percurso metodológico. Combinou-se abordagens qualitativas e quantitativas envolvendo entrevistas semiestruturadas, observação da pesquisadora, questionários, registros feitos em campo e análise documental visando compreender as vivências e experiências dos sujeitos da EJA, suas percepções acerca do fechamento das turmas e alguns impactos sociais. Conclui-se que um desses impactos é a interferência direta na alfabetização de jovens, adultos e idosos intensificando a questão do analfabetismo e perpetuando a exclusão social. Além disso, compreende-se que as causas do fechamento das turmas estão ligadas a uma gestão educacional que prioriza a quantidade de estudantes em vez da qualidade do ensino, agravadas por falta de investimentos, formação de professores e condições estruturais adequadas. Ressalta-se que a intenção dessa pesquisa não é apenas relatar a problemática, mas também fornecer propostas de intervenção e construir um ambiente de resistência e ações afirmativas em defesa do direito à educação ao longo da vida. Portanto, o texto aborda a importância das ações interventivas na promoção de transformações sociais em busca de equidade, conforme destacado por Chizzotti (2018). Após a análise das informações concebeu-se a ideia da criação de um grupo de mobilização em prol da EJA. Esse grupo propõe desenvolver ações para sensibilizar a comunidade sobre a relevância da EJA, defender políticas públicas, melhorar a qualidade do ensino e criar redes de apoio mediante encontros mensais para discutir desafios e estratégias, com ênfase na formação de sujeitos envolvidos com a EJA, na melhoria das abordagens pedagógicas e na promoção de uma educação inclusiva. As narrativas dos sujeitos protagonistas da EJA serviram como principal fonte de informações para o desenvolvimento da pesquisa. Por fim, conclui-se com um chamado à ação para a defesa do direito à educação, enfatizando que a luta pela valorização da EJA é uma responsabilidade coletiva, essencial para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.