Fiquei fascinada quando vi pela primeira vez o Rio São Francisco. Não o conhecia direito. Só o sentia. "O ciúme lançou sua flecha preta", lembrei da canção forte de Caetano Veloso, que não passou incólume por aqui. Isso aconteceu no final da década de 90. Quando me mudei para Juazeiro, em 2010, a mesma sensação me deu quando da ponte Juazeiro-Petrolina olhei o rio. Quanta gente passou por aqui: indigenas, quilombolas, pescadores...quanta história, quanta cultura submersa nas duas margens. O que o presente nos traz dessas narrativas? A barca é capaz de revelar essa história mágica e trágica desse pedaço do Rio? Essa busca de Andréia Luciana nos remete a este elo perdido com nossa história, mesmo sendo tão cotidiana. Mostra nos rostos dos que transitam a alma dos ancestrais. A dificuldade de um povo negligenciado historicamente. As formas de sobrevivência e o apego a vida e ao rio. Um livro de crônicas do cotidiano, jornalístico sim, mas da alma também. Essas crônicas falam de gentes e de travessias. Uma travessia que não se interrompe, contínua, para uma lugar de equidade. Foi assim que li estas páginas e convido o leitor a buscar o sentido pessoal deste trajeto.