Esta dissertação pretendeu auscultar e compreender criticamente o Currículo de Cursos para Formação Inicial de Optometristas no Brasil, tendo em vista estabelecer limites e aproximações com uma perspectiva de Formação Inicial mais humana para Optometristas, identificando possibilidades de relacionamento entre a Humanidade e a Tecnologia, e buscando compreender o agir tecnológico em Saúde, no contexto da Contemporaneidade. Trata-se de um estudo que, ao tempo em que tece uma crítica ao Currículo de Optometria, propõe indicadores que podem ressignificá-lo. Como problematização, foi levantada a seguinte questão de pesquisa: a partir das bases apreendidas sobre Tecnologia, Humanidade e Currículo, quais indicadores ou princípios são fundantes para uma ressignificação do Currículo de Cursos para Formação Inicial de Optometristas? Partindo disto, o objetivo geral desta pesquisa consistiu em compreender criticamente possibilidades de relacionamento entre as bases Humanista e Tecnológica no âmbito do Currículo para Formação Inicial de Optometristas no Brasil, propondo indicadores e/ou princípios que possam ressignificá-lo, contribuindo, desta forma, para o desenvolvimento de uma Formação Inicial mais humana, bem como para o aprofundamento teórico na área. Especificamente, esta pesquisa pretendeu elaborar noções de Tecnologia e de Humanidade e constituir bases teóricas de análise para compreensão do Currículo, ao tempo em que também auscultou o Currículo de dois Cursos para Formação Inicial de Optometristas no Brasil, sendo um na modalidade de Curso de Tecnologia e outro na modalidade de Curso de Bacharelado. Além disso, considerando a inexistência de Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Optometria no Brasil, esta pesquisa auscultou documentos que subsidiam a elaboração e a organização de estruturas curriculares: as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Organização e o Funcionamento de Cursos de Tecnologia; os Referenciais Curriculares Nacionais para os Cursos de Bacharelado e Licenciatura, embora ainda não contemplem a Optometria, e; Um Modelo Global Baseado em competências de Escopo para a Prática em Optometria, documento elaborado pelo Conselho Mundial de Optometria. Optando-se por uma abordagem qualitativa de pesquisa, foi utilizada como metodologia o Estudo de Caso Descritivo e a Análise Documental como técnica para a coleta de dados. Tendo em vista a ressignificação do Currículo para Formação Inicial de Optometristas no Brasil, esta pesquisa sugere quatro indicadores, a saber: (1) instituição de uma abertura relacional e interativa às configurações curriculares; (2) a inclusão de componentes curriculares que ofereçam possibilidade de uma aproximação com as bases teóricas discutidas neste estudo sob uma perspectiva humanista; (3) a criação de um Curso de Bacharelado em Optometria por uma Instituição de Ensino Superior pública, e; (4) a criação de um Curso de Pós-Graduação stricto sensu na área, visando um aprofundamento de bases Tecnológica e Humanista, na forma de um Mestrado Acadêmico em Optometria Clínica.