A pedagogia do candomblé: aprendizagens, ritos e conflitos.
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Resumo
Este trabalho tem como objetivo investigar as bases estruturantes da Pedagogia presente no cotidiano de uma Roça de Candomblé – O Ilê Axé Obanã, situado em Lauro de Freitas/Ba, dirigido pelo Babalorixá Flaviano dos Santos. A partir da minha vivência no culto e dos estudos na especialização, afirmo que o conflito inicial daqueles que desejam tornar-se membro acabam sendo desconstruídos na dinâmica do lugar. Daí surge a questão: porque e como isto acontece? A hipótese é que o Candomblé possui em sua dinâmica interna, uma Pedagogia que lhe é própria, singular que se diferencia da Pedagogia praticada nas escolas. Entendo educação como pratica social desenvolvida em um tempo e lugar, que se fundamenta em uma teoria pedagógica. No caso do Candomblé, esta teoria tem seus princípios no conhecimento herdado de seus antepassados africanos, os quais contribuirão na configuração da cultura afro-brasileira. No entanto, este legado ancestral será melhor preservado no âmbito do culto, enfrentando discriminações, preconceitos e distorções que marcam nossa história social. Isto, de certa forma, orientou a educação na Roça para a preservação de suas tradições. Neste esforço, o processo de perpetuação e transmissão de saberes, eminentemente dinâmico da Roça vai explorar, através das suas formas simbólicas (THOMPSON, 1995), uma dimensão educativa que toma de empréstimo alguns pressupostos presentes na Pedagogia Simbólica de Byington (1995) como, por exemplo, a não dicotomia dos aspectos objetivos e subjetivos da existência humana. Usando de uma metodologia baseada na investigação densa sobre a cultura do lugar, interpreto três ações ocorridas no Ilê Axé Obanã visando extrair significados educativos, na expectativa de poder tecer proposições para a educação formal no âmbito da educação pluricultural.