Avaliação ergonômica dos equipamentos de proteção individual na pesca e aquicultura: revisão sistemática sobre desempenho, conforto e segurança ocupacional
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A pesca e a aquicultura representam atividades essenciais para a segurança alimentar e o desenvolvimento socioeconômico em diversas regiões, mas ainda se caracterizam por condições laborais desafiadoras e elevada incidência de acidentes ocupacionais. Nesse contexto, os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) assumem um papel central na mitigação de todos riscos ocupacionais, sendo fundamental compreender seu desempenho e conforto na rotina produtiva. Este estudo teve como objetivo realizar uma revisão sistemática integrativa sobre a eficácia, a aceitabilidade ergonômica e os fatores limitantes dos EPIs utilizados em ambientes de pesca e aquicultura, considerando o período recente de avanços tecnológicos entre 2020 e 2024. A metodologia seguiu o protocolo PRISMA 2020, adaptado para revisões de tecnologias aplicadas, contemplando quatro fases principais: definição da estratégia de busca, triagem e seleção de estudos, avaliação da qualidade metodológica e análise integrada dos dados. As buscas foram realizadas nas bases Google Acadêmico, SciELO e Scopus, utilizando os descritores “ergonomia”, “EPI”, “pesca” e “aquicultura”, totalizando 1.258 registros identificados. Após triagem inicial com leitura de títulos e resumos, leitura integral e avaliação por dois revisores independentes (coeficiente Kappa = 0,87), 127 artigos foram analisados em texto completo. Os critérios de inclusão contemplaram estudos empíricos ou revisões sistemáticas publicados entre janeiro de 2020 e junho de 2024, com populações-alvo específicas (pescadores artesanais e trabalhadores da aquicultura) e mensuração de resultados ergonômicos, tais como conforto e redução de acidentes. Os resultados destacam avanços em materiais (fibras biodegradáveis) e design (coletes modulares), mas também revelam graves disparidades: 82,4% das pequenas empresas aquícolas descumprem a NR 31 (Brasil, 2023), conforme auditorias do MTE em 1.207 estabelecimentos e 89% das pescadoras modificam artesanalmente seus equipamentos. As principais lacunas identificadas incluem a falta de EPIs adequados a biotipos diversos (apenas 7% das pesquisas consideram mulheres) e a escassez de soluções acessíveis para comunidades tradicionais. Conclui-se que, apesar dos avanços tecnológicos, persiste a necessidade de políticas públicas que priorizem a adaptação dos equipamentos às realidades locais e promovam a inclusão de grupos sub-representados. O estudo reforça a importância da ergonomia como fator determinante para a segurança e a produtividade, propondo a criação de um observatório internacional destinado ao monitoramento contínuo dessas tecnologias.