Esta pesquisa tem por objetivo analisar as implicações das ações formativas do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) à prática pedagógica dos professores alfabetizadores do primeiro ciclo dos anos iniciais do Ensino Fundamental, de uma escola pública, situada na zona rural do município de Monte Santo-BA. O objeto central deste estudo, portanto, é a formação continuada de professores alfabetizadores no âmbito do PNAIC, programa do Ministério da Educação. Inquieta-nos a formação continuada oferecida pelo Governo Federal para os professores alfabetizadores da escola situada no campo, que pouco se relaciona com as práticas de alfabetização e letramentos necessárias aos alunos pertencentes ao referido contexto. Nessa perspectiva, este estudo toma como mote para reflexão e discussão a seguinte questão: como as ações formativas do PNAIC reconfiguram as práticas alfabetizadoras dos professores da escola do campo? Para atingir o objetivo proposto e responder à questão central deste estudo, desenvolvemos uma pesquisa colaborativa (IBIAPINA, 2008) de abordagem qualitativa com três alfabetizadores, tendo a análise textual discursiva (MORAES; GALIAZZI, 2016), como metodologia para análise dos dados. Com os interlocutores, realizamos sessões reflexivas formativas, entrevista narrativa e observação colaborativa, como procedimento que os motivou a refletir criticamente sobre a prática alfabetizadora. A discussão teórica deste estudo tem como pilares as seguintes categorias teóricas: formação de professores (NÓVOA, 1992; 2009; TARDIF, 2010; IMBERNÓN, 2009; 2010; 2011); alfabetização e letramento (BRASIL, 2017b; FREIRE, 2013; 2015; SOARES, 2001; 2013; STREET, 2014); educação no campo (ARROYO, 2011; CALDART, 2002; 2011; RIOS, 2015; 2016); multiletramentos (GNL, 1996; ROJO, 2009; 2012; 2013); entre outros autores e documentos oficiais que tratam da educação e formação continuada no Brasil. Com o estudo, foi possível inferir o seguinte: o PNAIC é uma medida necessária à formação do professor alfabetizador, já que possibilita a troca de experiências e atualização dos saberes teórico-práticos dos professores-cursistas; mas suas propostas poderão ser redimensionadas para dialogar com a realidade vivida pelos alfabetizadores, a fim de que possa suprimir as lacunas no que diz respeito à construção de um olhar crítico-reflexivo sobre a realidade que circunda o cotidiano da escola e sobre as questões inerentes ao contexto de atuação docente, apontando para a necessidade de se pensar em uma formação com os professores, tomando-os como atores/autores, promotores das mudanças no processo de alfabetização e letramentos dos alunos. Os programas de governo para formação continuada, partindo do reconhecimento dos professores como autores de sua formação, precisam ser ressignificados e transformados em políticas públicas de Educação e formação humana, com a finalidade de valorizar a docência, a melhoria e a expansão da educação básica no país.