Avaliação da utilização de anti-inflamatório não esteroidais(AINEs) e triptanos por pacientes diagnosticados com enxaqueca em uma clínica escola multiprofissional

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Data
2025-02-25
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UNEB
Resumo

Introdução: A enxaqueca é um distúrbio neurológico caracterizado por crises de cefaleia intensa, podendo ser classificada em enxaqueca com ou sem aura. O tratamento inclui anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e triptanos, que atuam nos receptores serotoninérgicos para aliviar os sintomas. No entanto, a eficácia desses medicamentos varia entre os pacientes, exigindo abordagens personalizadas. Fatores genéticos e metabólicos influenciam a resposta ao tratamento, com polimorfismos nas enzimas do citocromo P450 impactando a metabolização dos fármacos. Pacientes com enxaqueca crônica e comorbidades tendem a ter menor resposta aos tratamentos convencionais. A farmacogenética surge como uma estratégia promissora para personalizar a terapia e melhorar os resultados clínicos. Objetivos: Avaliar a utilização de AINES e triptanos em pacientes enxaquecosos atendidos em uma clínica escola e analisar fatores associados à resposta a esses medicamentos. Materiais e Métodos: O Projeto Livre da Enxaqueca oferece tratamento gratuito e multidisciplinar a pacientes com enxaqueca. O foco é o Gerenciamento da Terapia Medicamentosa (GTM), priorizando o uso de AINEs e, caso ineficazes, triptanos ou medicações profiláticas. Entre fevereiro e novembro de 2023, foram analisados prontuários de pacientes atendidos nesta clínica que utilizam AINEs e triptanos . Foram pesquisados nessa amostra fatores que podem influenciar o metabolismo desses fármacos, entre eles a presença de comorbidades e medicamentos utilizados para outros fins. Em paralelo, foi conduzida uma revisão sistemática, cujo protocolo foi registrado na plataforma PROSPERO (https://www.crd.york.ac.uk/prospero/) para analisar a influência genética na resposta aos triptanos, considerando estudos observacionais etiológicos nas bases científicas PubMed, Web of Science e Embase, a qual foi submetida à revista Brain and Behavior (Editora Wiley, até o momento em análise). Resultados e Discussão: A análise dos prontuários do projeto "Livre de Enxaqueca" revelou um perfil homogêneo dos pacientes, composto exclusivamente por mulheres, com histórico de enxaqueca desde a adolescência. A frequência das crises variou entre 1 e mais de 4 episódios por mês, e 62,65% dos pacientes apresentavam comorbidades, como ansiedade, depressão, diabetes e hipertensão. O IMC médio indicou sobrepeso, sugerindo uma possível relação entre excesso de peso e a intensidade das crises. A hipertensão foi a comorbidade mais frequente (32,3%), seguida por transtornos de ansiedade (29%) e endometriose (16,1%). Já a dipirona foi o medicamento mais utilizado (80,6%) na diminuição das crises e também a principal causadora das reações alérgicas, relatadas por 26,47% dos pacientes. O uso contínuo de medicamentos como Losartana, Metformina e Fluoxetina foi frequente, destacando a necessidade de monitoramento para evitar interações adversas. Foram listadas e discutidas as possíveis influências dos medicamentos de uso contínuo e das comorbidades na eficiência dos AINEs e triptanos utilizados por esses pacientes. Destacou-se as possíveis interações entre AINEs e anti-hipertensivos e o risco da síndrome serotoninérgica quando se utilizam triptanos e antidepressivos. Quanto à revisão sistemática realizada, observou-se que há poucas evidências da influência de genes associados à baixa resposta ao uso de triptanos em pacientes com migrânea. Foi encontrada uma associação significativa porém pequena, para variantes dos genes SLC6A4, 5-HT1B,e COMT e a resposta aos triptanos, enquanto variantes dos genes CALCA e PRDM16 apresentaram evidências moderadas, e variantes dos genes GRIA1 e SCN1A apresentaram evidência limitada de não resposta. Isso indica a necessidade de mais pesquisas na área de farmacogenética que validem estudos de associação. Conclusões: Esse estudo conseguiu caracterizar o perfil dos pacientes atendidos na clínica escola entre Março 2023 a Setembro de 2024. O atendimento nessa clínica multiprofissional incluiu intervenções não farmacológicas e a manutenção do uso de AINEs em pacientes, após orientações, enquanto a utilização de triptanos foi menos expressiva. A revisão sistemática conduzida não encontrou evidências fortes que assegurem a utilização de testes genéticos pontuais para avaliar o risco de não resposta aos triptanos, porém estão sendo avaliados a utilização de pontuações de risco genético para esse fim.


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NASCIMENTO, J. S. Avaliação da utilização de anti inflamatórios não esteroidais (AINES) e triptanos em pacientes diagnosticados com enxaqueca em uma clínica escola Orientador: Acássia Benjamim Leal Pires. 2024. 105f. Dissertação (Mestrado), Programa de Pós-Graduação Stricto Senso em Ciências Farmacêuticas - PPGFARMA, Departamento de Ciências da Vida (DCV), Universidade do Estado da Bahia, 2025,
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