O rezar e o festar na comunidade do Mulungu: dinâmicas de sociabilidade educativa

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Data
2016-05-02
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Resumo

Esta tese apresenta o Jiro do Reis e a celebração em louvor a São Sebastião como um importante evento festivo religioso da comunidade negra rural do Mulungu, localizada no município de Boninal, na Chapada Diamantina, Bahia, na medida em que a festa, além do seu caráter religioso, promove de forma substancial uma reflexão sobre a vida da comunidade, possibilitando o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Neste sentido, o Jiro do Reis do Mulungu é compreendido como o principal mecanismo gerenciador da Festa de São Sebastião através dos dispositivos religiosos, da economia de autogestão da festa. Através das redes de sociabilidade e solidariedade entre os/as festeiros/as, os/as promesseiros/promesseiras, os visitantes e devotos, ao logo de quatro décadas aproximadamente, o Reis do Mulungu, liderado por mulheres pôde sair em seu Jiro, nas comunidades circunvizinhas com o propósito de pagar uma promessa, bem como anunciar a festa em louvor a São Sebastião – protetor e guardião da comunidade do Mulungu. Logo, o Jiro do Reis e a festa em louvor a São Sebastião constitui-se o lugar de reunir, congregar muitas pessoas as quais estão em constante movimento quando rezam, dançam e cantam no espaço sagrado da casa, afirmando a identidade de um grupo, uma comunidade, bem como contribuindo para a produção de uma grande quantidade de energia, que é redistribuída para todos os participantes num processo de metamorfose ao logo do tempo. Assim, busquei compreender o Jiro do Reis e a festa em louvor a São Sebastião como uma prática cultural que reestabelece o encontro e a fé, reforçando o pertencimento a uma religião quando os sujeitos se unem para celebrar a vida e os Santos. Assim, a atuação feminina na condução das festas católicas da referida comunidade torna-se essencial para a manutenção das festividades, do cotidiano e da família, por isso, as experiências de vida dos sujeitos privilegiados, ou seja, as mulheres as quais assumem um lugar de liderança no contexto da festa são tomadas aqui como representação de si e de seu entorno, uma vez que recuperam no tempo presente aspectos de suas vidas contadas como lugar de construção do sujeito possuidor de saberes. Com isso, a pesquisa Etnográfica foi a minha escolha metodológica, uma vez que parece ser o caminho que melhor traduz a rotina diária e os eventos especiais que nos levam a uma compreensão das redes de significações do real entre as festividades, as crenças, os modos de viver que são partilhados pelo sujeito e com seu grupo social. Deste modo, espero, a partir desta pesquisa, contribuir para o reconhecimento e importância que as manifestações religiosas têm para as comunidades negras rurais, bem como a participação das mulheres como guardiãs de saberes locais indispensáveis na formação sociocultural do lugar, pois as Mulheres do Mulungu, representando as mulheres negras nas suas diferentes atribuições cotidianas de ser mãe, dona-de-casa, trabalhadora rural, doméstica as quais fizeram parte do universo desta pesquisa, quando donas do próprio discurso, elas se revelam pelos laços de parentesco e de solidariedade. Além disso, elas se identificam pelo forte compromisso que têm com a comunidade, preocupadas em manter viva e atuante as marcas da cultura de um povo vivenciadas e transmitidas através de suas festividades.


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JESUS, Maria Eunice Rosa de. O rezar e o festar na comunidade do Mulungu: dinâmicas de sociabilidade educativa. Salvador, 2016. 252fls. Orientadora: Lívia Alessandra Fialho da Costa Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade – PPGEDUC. Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Educação. Campus I., 2016.
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