Sobre a(s) memória(s) dos homens/mulheres das usinas: contemporaneidade do recôncavo açucareiro como demanda educacional
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Resumo
Esta tese de doutorado foi construída no desvelamento de um lugar de memória da comunidade de experiências dos homens e mulheres relacionados aos espaços geohistóricos das usinas de açúcar do Recôncavo baiano, implícito ao Memorial do Cinquentenário da cidade de Amélia Rodrigues, em 2011. A abordagem de um acervo fotográfico, como fonte principal da pesquisa, problematizou a pluralidade cultural do Recôncavo, evidenciando resistências da memória social (experiências de trabalho, habitação e convivência) como sentido subjacente aos enquadramentos fotográficos e expressivos de táticas da ocupação efetiva desse território que, no campo do simbólico, valoriza a subjetividade como um traço predominante da caracterização cultural desse território nos últimos cinquenta anos de sua história, em que se agravou o êxodo rural ou desterritorialização das fazendas de açúcar. Essa suposição de confronto simbólico à prescrição de narrativa histórica da cidade, questionando os pressupostos monológicos das narrativas históricas, como sempre alusivas de certo pioneirismo/heroísmo colonialista da fundação nacional, determinou o interesse de compreensão dessas intenções inscritas no memorial fotográfico. Partindo de recortes temáticos e cruzamento dos mesmos com outros dados documentais, como procedimentos elucidativos de recorrências intencionais, analisamos as possibilidades dialógicas entre as representações estabelecidas e esses significados emergentes sobre a condição subjetiva do Recôncavo açucareiro na contemporaneidade, considerando-se o caráter autonarrativo dos dados. Esses indícios, por sua vez, caracterizando um estudo exploratório, demandaram os olhares dos campos dos estudos pós coloniais/subalternos latino americanos, associados a pressupostos metodológicos da Nova História Cultural, tomados como referências das leituras análises que se apresentam neste trabalho, obtendo-se como resultados, outros olhares e possibilidades de enfrentamento do paradoxo contemporâneo do Recôncavo baiano, mediante a ressignificação da consciência sobre sua condição humana ou demanda de reeducação das possibilidades de ver o desenvolvimento/modernização na dialógica das diferenças e conforme a instrumentalidade das narrativas locais. Este trabalho culminou, portanto, na proposição de uma prática (foto)gráfica que, associando memória e história, torna-se propícia à educação dos olhares brasileiros acerca da demanda de “dupla consciência da modernidade”, mencionada por Paul Gilroy (2001), acerca das possibilidades de valorização das subjetividades africanas das diaspóricas.