De volta para o futuro da leitura: uma navegação pela infinitude booktok e o devir do sujeito-leitor
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Resumo
Esta dissertação apresenta três artigos problematizadores das mudanças na leitura e da constituição do leitor jovem no contexto digitalmente influenciado, os quais são permeados por reflexões sobre o devir do sujeitoleitor. Opera-se com ferramentas arqueogenealógicas foucaultianas, em articulação com os Estudos Culturais e a História da Leitura, na tentativa de mapear e interpretar o presente leitor, face às possibilidades e desafios que se apresentam para o processo de formação escolar do leitor literário na contemporaneidade. A comunidade literária BookTok, acontecimento representativo das mudanças que colocam as telas entre o leitor e o futuro da leitura, é o ponto de partida para pensar encaminhamentos pedagógicos que instiguem a formação de jovens leitores críticos de seu tempo. No primeiro artigo, busca-se desmanchar universais evocados pela mídia na discursivização dessa plataforma e da leitura para dissolvê-los na problematização dos modos de existência do sujeito-leitor jovem. O segundo artigo investiga o discurso booktoker à luz da noção foucaultiana de parresia para interpretar o uso estratégico dos sentidos de autenticidade e paixão na adesão das juventudes aos discursos sobre a leitura carreados na linguagem das telas. O terceiro artigo explora a potência da leitura discursiva como equipagem do sujeito-leitor e propõe uma sequência didática que, reafirmando o papel da escola como lugar de leitura, desenvolve atividades voltadas ao ajustamento entre o fazer pedagógico e a cultura jovem. Nas análises, destacamos a questão do gênero no acontecimento BookTok, atualizadora de representações hegemônicas socialmente normalizadas de ser leitor que situam a leitura como uma prática feminina, voltada ao entretenimento e à evasão da realidade. Constatamos efeitos de parresia nos sentidos relacionados à autenticidade e à paixão presentes no discurso booktoker, destacando o apelo à imagem e a função do pathos como fatores de adesão do público jovem. Por fim, defendemos o ajustamento temperante do fazer pedagógico com a cultura jovem, em vista de um processo formativo de leitores literários que seja capaz de equilibrar as possibilidades do digital e o potencial da leitura discursiva como ferramenta de auto-sócio-análise.