Os truká e o discurso governamental sobre o programa de integração nacional do rio São Francisco: entre os ditos e os não ditos

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Data
2017
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UNEB
Resumo

Esta pesquisa analisa o discurso e as relações de poder presentes no Programa de Apoio aos Povos Indígenas (PBA 12), parte integrante do Projeto Básico Ambiental, do Programa da Integração Nacional do Rio São Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional – PISF e sua interpretação discursiva junto ao grupo étnico Truká, situado na Ilha de Assunção, no município de Cabrobó-PE. A análise do referido documento fundamenta-se nas teorias da Análise do Discurso (AD) de orientação francesa. O objetivo é investigar as relações de poder, impressas nos documentos oficiais, que se evidenciam a partir do discurso do desenvolvimento econômico e do progresso por parte dos órgãos governamentais e a interpretação destas pelo povo Truká. A hipótese é que o Estado, enquanto órgão regulador impõe um conjunto de “verdades”, através do texto informativo, justificando a obra através de ações propositivas que anulam e “compensam” os possíveis efeitos negativos desta intervenção. Mediante a proposição governamental, coube identificar as representações dos povos indígenas contidas nesses documentos, explícitas e implícitas no texto e de que maneira esse povo (Truká) interpreta a proposta do Projeto do ponto de vista discursivo. Os mecanismos utilizados para discutir o documento na perspectiva adotada são os pressupostos da AD - aspectos comunicacionais presentes nas vozes impressas no enunciado do Programa. Esta investigação se enquadra no tipo de pesquisa qualitativa, com base nos pressupostos da Etnografia/documental que evidencia a importância das relações simbólicas presentes no grupo social estudado. Para atender ao objetivo desta pesquisa foram utilizados os seguintes recursos e instrumentos para a coleta de dados: a observação participante, entrevistas semiestruturadas, diário de bordo, documentos, fotografias e filmagens, com o intuito de compreender que valores estes atribuem ao discurso oficial, como as lideranças Truká recebem e contrapõem o discurso governamental. Os contatos com o campo de investigação evidenciaram a necessidade desta. Como resultado da pesquisa, identificamos que, na elaboração das propostas, o agente governamental não conhece, de fato, a realidade indígena, muito menos suas demandas por aquilo que realmente importa: a terra e o ambiente preservado. A representação que o discurso oficial faz desses povos é distorcida e equivocada, quando não preconceituosa e mal intencionada. Por outro lado, o discurso dos Truká implica duas formas de diferenciações. Uma contrastante que produz termos no limite irredutíveis, e que se refere às relações entre índios e governo; mas existe também uma que podemos chamar de transformacional, que opera no âmbito das relações dos Truká entre si.


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CAVALCANTE, Lidiane Araújo. Os Truká e o discurso governamental sobre o Programa de Integração Nacional do Rio São Francisco: entre os ditos e os não ditos. 2018. 84 f. Dissertação (Mestrado em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos) – Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas – Campus III, Juazeiro, 2018.
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