Negros contra a ordem: resistências e práticas negras de territorialização no espaço da exclusão social-Salvador/Ba (1850-1888)
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Resumo
Este trabalho é o resultado de uma pesquisa acerca das formas de resistência negra que marcaram a cidade de Salvador na segunda metade do século XIX. O nosso objetivo foi interpretar as variadas formas, através das quais, as populações negras lutaram contra a escravidão, de um modo geral, e contra as formas cotidianas de dominação e subordinação, Procuramos mostrar que as formações culturais negras, engendradas na confluência das tradições culturais de origem africana com as determinações históricas de uma conjuntura adversa, orientaram os sentidos das lutas pela liberdade. Lutas essas que deixaram marcas profundas no espaço físico e social da cidade. Tentando apreender a especificidade baiana acerca do processo de transição do mundo do trabalho escravo para o mundo do trabalho livre, nos baseamos em documentos oficiais produzidos pelos representantes institucionais do poder público. Entretanto, o contato com documentos policiais ordinários que davam conta da movimentação cotidiana da cidade, nos indicou que o caminho privilegiado para o dimensionamento e compreensão das formas urbanas de resistência negra passava por uma leitura dos embates diários envolvendo as populações negras e a polícia. Nesse sentido, esses documentos se constituíram como nossa principal fonte de referência. Através deles, pudemos perceber que mesmo tendo desaparecido da cidade as formas tradicionais de resistência coletiva a exemplo das revoltas negras que marcaram a primeira metade do século XIX em Salvador e no Recôncavo Baiano, os negros continuaram a resistir individualmente até o momento da abolição.