Apontamentos de pesquisa: a pandemia Covid – 19: teologia, ciência e arte em conversas - Vol. V

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Universidade do Estado Da Bahia
Resumo

Filósofo, escritor, biógrafo de Flaubert, que apresentou ‘O Idiota da Família’, o teatrólogo Jean-Paul Sartre (1905 – 1980) ficou famoso e conhecido pelos seus longos e preciosos prefácios, verdadeiras peças literárias e filosóficas escritas em algumas centenas de páginas. Virou obra clássica sua apresentação do livro fundamental sobre as lutas anti coloniais: “Os Condenados da Terra” de Frantz Fanon (1925 – 1961) de 1963, que seria publicada em livro no Brasil com cerca de 400 páginas. Garanto que vamos poupar o leitor na apresentação dessa coletânea de centenas de laudas, um excesso raramente necessário, permitido a expoentes da cultura como Sartre e Fanon. Assim, mais concisos, falamos da importância e da urgente necessidade da publicação dessa obra coletiva organizada entre as salas ou locais pessoais de estudo dos que a propuseram: Everton Nery Carneiro (UNEB), Luís Távora Furtado Ribeiro (UFC) e Sandra Célia Coelho (UNEB), pela ordem alfabética. Nós a compilamos, desde nossos modestos gabinetes domiciliares de trabalho, confinados que estamos nessa quarentena em virtude de uma pavorosa pandemia, no ano de 2020 em crise sanitária, social e econômica, nesse país desgovernado. Na apresentação dessa coletânea vale refletir sobre o digno e ancestral hábito de escrever, que nos move desde que se inventou a escrita, e em seu mais recente objetivo de realizar e divulgar pesquisas acadêmicas para desvendar a complexidade do mundo real buscando compreender, pelo menos nos aproximarmos de suas inatingíveis múltiplas determinações. Esforço hercúleo e prazeroso que não pode ser realizado por um só nem por poucos, sendo necessários muitos, inúmeros de nós para realizar-lhe. Neste sentido, o Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação, Religião, Cultura e Saúde (GEPERCS), que está inserido na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), trazendo diante da especificidade institucional que é a multicampia, uma característica interdepartamental, pos sui pesquisadores de diversos Campi e diálogos com outras Instituições de Ensino Superior Nacional e Internacional. Historicizando um pouco a trajetória do GEPERCS, apontamos que o mesmo foi criado e certificado pelo CNPQ em 2011, formado por pesquisadores das diversas áreas do conhecimento, no que coaduna com sua concepção multi/ interdisciplinar. O Grupo é composto por 8 doutores, 03 doutores colaboradores estrangeiros, 03 técnicos e os demais estudantes de graduação e pós-graduação. Estando ancorado ao Mestrado Profissional em Intervenção Educativa e Social (MPIES/UNEB), do Departamento de Educação – Campus XI – Serrinha. Tendo como objetivo principal pesquisar a religiosidade das diferentes sociedades e culturas na perspectiva das ciências humanas, sociais e da saúde, situando a religião como um dos principais sistemas simbólicos, priorizando a análise da relação entre as diferentes categorias sociais marginalizadas e o fenômeno religioso. Além disso, as discussões de caráter multi/interdisciplinar e estudos do grupo enfatizam a inter-relação com a saúde, gênero, educação e cultura nos diversos contextos sociais. Os conhecimentos produzidos pelos pesquisadores do grupo perpassam por quatro linhas específicas de pesquisa: 1) Religião e saúde, 2) Gênero, religião, educação, saúde e os novos contextos de aprendizagem, 3) Religião, cultura, educação, sociedade e novas formas de subjetivação e organização comunitária e 4) Gênero, Saúde Sexual/Reprodutiva e Populações vulneráveis. O Grupo trafega por ações pontuais de socialização e difusão do conhecimento produzido, através de pesquisas nos seguintes âmbitos: proposição e participação em Congressos Nacionais e Internacionais da área e áreas afins dentro e fora do país, através de apresentações de comunicações, pro posições de Grupo de Trabalho e a Realização de um colóquio Bianual sobre Diversidade Religiosa no Brasil Contemporâneo; evento esse pautado como uma proposição já materializada do GEPERCS, que é o Centro de Estudos e Pesquisas Interdepartamental, Interinstitucional e Internacional em Culturas e Religiões (CEPICR/UNEB), reiterando que estamos na terceira edição da supracitada atividade. As pautas de internacionalização, são ancoradas através do diálogo, proposição de pesquisa e publicações em conjuntas com as seguintes IES estrangei- ras: Universidade de Habana, Universidade da Guyane, Universidade Lusófona e Universidade Católica de Lisboa. Na quinta edição da Coletânea Apontamentos de Pesquisas ora apresentada pautamos uma análise das multiplicidades e conexões dos campos dos saberes sobre o contexto mundial vivenciado pela Pandemia do COVID -19. Nesse livro que divulga e aproxima tão diferentes objetos de estudos e tão diversos métodos de investigação, congregando em suas semelhanças e diferenças uma gente muito boa em suas importantes e indispensáveis áreas de conhecimento e lugares geográficos (seja como afeto, como ético, como epistemológico, como étnico-racial). Muitos nem se conhecem pessoalmente, mas nos congregamos aqui na defesa da ideia comum que nos mobiliza e anima, de que o conhecimento é uma produção e aproximação coletiva com sua origem enraizada no contexto histórico e social. É nesse capitalismo que cresce a cada dia concentrando cada vez mais as riquezas, excluindo e violentando as maiorias entre trabalhadores negros e mulheres, devastando os recursos da natureza e comunidades indígenas, sistema sempre contraditório e violento movido por uma crise permanente. A ideia original do livro e a diretriz mais forte em sua organização deve-se a duas pessoas muito queridas, atuantes e engajadas numa práxis libertadora. Inicialmente a incansável e culta pesquisa e escrita do professor Everton Nery Carneiro, geógrafo, filósofo, teólogo, poeta e livre pensador, intelectual, estudioso de Nietzsche, que vem sempre nos lembrando do conceito aberto da “vontade de poder” que fundamenta em Aristóteles (384 – 322 a. C.) em sua crença que nossa humanidade é uma possibilidade que se realiza, numa “vontade de potência”, que nos impele a perseguir novos destinos em “mares nunca dantes navegados”. Nesses tempos de quarentena, Everton Nery liderou inúmeras, diversas e variadas apresentações de frutuosos debates virtuais, que mais um anglicismo atual denomina de “lives”. Mesmo que muitos não saibamos o que esse nome significa, Dr. Everton Nery coordenou esses encontros onde importantes debatedores se dedicaram a revelar temas como o racismo e a resistência da cultura negra, a religiosidade e o candomblé, a opressão e o poder das mulheres, a fala e a liberdade de escolha de opções de vida e sexualidade, passando pelo direito a terra e a cultura dos índios, a luta dos trabalhadores, não omitindo a profissionalização, formação e direitos sociais de docentes, junto às questões relativas ao sofrimento. Sempre num movimento que parte da Bahia e compartilha militância e conhecimento com o Brasil e o mundo.


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