O presente trabalho é resultado de uma pesquisa realizada na comunidade de Brasileira, integrante do Quilombo de Rio das Rãs, em Bom Jesus da Lapa, Bahia. Este trabalho buscou conhecer os saberes etnobotânicos bem como seus canais de reprodução e práticas; o qual se desdobrou nos seguintes objetivos específicos, a saber descrever os conhecimentos etnobotânicos; identificar a existência de especialistas em práticas de cura através das plantas; compreender os processos de transmissão e reprodução destes conhecimentos, analisar em que medidada a escola local integra por meio do currículo os conhecimentos etnobotânicos locais e, por fim, contribuir para a constituição de um acervo sitemático de conhecimentos etnobotânicos da comunidade. Para a realização deste trabalho foi empregada uma metodologia que teve por base uma abordagem qualitativa por meio do estudo de caso e para a coleta de dados foram utilizadas entrevistas semi-estruturada, observação e análise documental. Além destes, foram utilizadas asa técnicas “bola de neve”, para identificação dos especialistas em uso de plantas e a “turnê-guiada” para a correta coleta da planta citada durante as entrevistas. Para fundamentar os conceitos básicos dessa pesquisa foram utilizadas as reflexões de autores como: Diegues (2001); Cunha (2007); Levi Strauss (2008); Albuquerque (2005); Bobbio (2004); Schwartz (1994); Halbwachs (1990), dentre outros. Os dados coletados apontam que a Comunidade Brasileira detém um considerável conhecimento acerca do uso das plantas em diversos campos de uso. Os depoimentos mostram que os sujeitos quilombolas, possuem um significativo conhecimento etnobotânico, neste sentido destacaram-se o uso dessas plantas para fins medicinais (55%) sendo que o chá (54%) foi a forma de uso dominante e folhas (42%) as partes da planta mais utilizada. Destaca-se, no entanto, a necessidade de uma sistematização destes saberes tradicionais, bem como, uma articulação formal com os saberes acadêmicos veiculados por meio da escola.