Alfredo José da Silva nasceu em 1887. Nesse período, eram poucas as expectativas colocadas sobre ele por ser negro e pobre. Ocupando espaços privilegiados por meio da educação, esse cidadão santoamarense fez seu nome em Caetité, pequena cidade do Semiárido baiano, e deixa dois manuscritos que, juntos, compõem um vasto ensaio de crítica literária. O presente estudo se propôs a entender temporalidades e deslocamentos por meio dos dois manuscritos, fornecendo ao segundo deles, inclusive, edição crítica. Por meio dessas materialidades discursivas, observou-se aspectos sociais, educacionais e políticos que circularam na época de escrita do material em questão, a fim de observar como colaboraram para a formação de um imaginário social que se perpetua, em muitos aspectos, até os dias de hoje. Para isso, fez-se uso de uma necessária bibliografia, que transita entre os estudos sociais, raciais, educacionais, culturais e discursivos, por meio da produção teórica de intelectuais como Sílvio Romero (1888), José Veríssimo (1916), Nina Rodrigues (2008), Eni Orlandi (2000; 2007), Antonio Candido (2000), Giralda Seyferth (2002), entre tantos outros que colaboram com a discussão científica em humanidades. Além da discussão teórica oriunda do legado imaterial de Alfredo José da Silva e do tratamento filológico do segundo volume do manuscrito intitulado Gramática, esta pesquisa apresenta um produto educacional: uma cartilha, a ser aplicada no ensino básico, sobre elementos nacionais que ajudam a construir uma identidade brasileira através da discussão levantada por Alfredo José da Silva nos documentos supracitados.