Este estudo examina as representações de mulheres lésbicas nos contos “Isaltina Campo Belo”, de Conceição Evaristo e “Las Virtudes Peligrosas”, de Ana Maria Moix, concentrando-se na influência da raça na construção dessas personagens. Utilizando uma abordagem qualitativa e análise bibliográfica, a pesquisa explora as diferenças entre as duas obras, destacando as vivências, experiências e desafios enfrentados pelas protagonistas. Os métodos empregados incluíram a leitura crítica e análise comparativa das narrativas, buscando identificar as nuances das representações de lesbianidade e as interseções com a questão racial. Os resultados revelam que, em “Isaltina Campo Belo”, a raça da protagonista é central para sua experiência como mulher lésbica negra, enquanto em “Las Virtudes Peligrosas”, a lesbianidade é retratada de forma mais sutil, dentro de um contexto social diferente. A análise evidencia as complexidades das identidades das personagens e como estas são moldadas pelas interseções de raça, gênero e sexualidade. Conclui-se que as obras refletem diferentes realidades sociais e culturais, influenciando a forma como a lesbianidade é representada e percebida. Enquanto Campo Belo desafia o apagamento histórico das mulheres negras e lésbicas na literatura, a senhora de Moix aborda a lesbianidade dentro de um contexto social mais restritivo e normativo. Como aporte teórico, são utilizados os conceitos de Sou sua irmã: Escritos reunidos e inéditos, de Audre Lorde (2020), El régimen heterosexual y la nación, de Ochy Curiel (2016), Living As a Lesbian e Intimacy no Luxury, de Cheryl Clarke (1986 e 2006). Em suma, esta pesquisa contribui para uma compreensão mais aprofundada das representações da lesbianidade na literatura, destacando a importância de considerar as interseções de raça e sexualidade na construção de personagens e narrativas.