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- ItemCadernos Negros (Contos): fortalecendo negras raízes?(Universidade do Estado da Bahia, 2014-05-08) Oliveira, Bárbara Maria de Jesus de; Oliveira, Maria Anória de Jesus de; Duarte, Eduardo de Assis; Cruz, Maria de Fátima Berenice daOs Cadernos Negros mantêm, desde 1978, publicações ininterruptas anuais, autofinanciadas pelos próprios escritores, os quais são responsáveis, também, pela divulgação dos mesmos. Tais textos trazem à cena as questões sociais e existenciais que afligem os personagens negros. Abrangem-se, portanto, temáticas diversas, a exemplo da relação entre gêneros, as religiosidades de matrizes africanas, a resistência negra, o racismo e suas consequências na escola, no mercado de trabalho e no ambiente familiar. Trata-se de produções que visam à afirmação identitária negra, conforme anunciado nas apresentações publicadas anualmente, desde o Caderno nº 1 (1978) ao atual (nº 36). A questão que se insurge é: até onde prevalece, de fato, a anunciada afirmação? Para responder a essa questão analisaremos seis contos ao todo, da autoria de Cuti, Cristiane Sobral e Elizandra Souza, cujos textos correspondem aos Cadernos nº 24, 30, 32 e 34, respectivamente. Partindo da pesquisa bibliográfica, nos pautaremos nos estudos de Zilá Bernd (1988, 1992, 2011), David Brookshaw (1983), Florentina Souza (2008), Cuti (2010), Nilma Lino Gomes (2008), Stuart Hall (2003) e Homi Bhabha (2005), Neuza Santos Souza (1983), entre outros. Esperamos, por meio da presente pesquisa, ampliar as reflexões a respeito dessa literatura, ao contribuir para visibilizá-la mais, visto que se trata de produções marginalizadas nos espaços acadêmicos e pouco conhecidas na Educação Básica. O resultado do nosso estudo poderá, também, favorecer a implementação da História e Cultura Afro-Brasileira (Lei 10.639/03), se levarmos em conta a relevância dos referidos Cadernos para o espaço escolar, como um dos suportes literários para a atuação docente nas instituições públicas e privadas.
- ItemContos diferentes e marcas da diferença na escrita de Marcelino Freire(Universidade do Estado da Bahia, 2014-05-22) Miranda, Olinson Coutinho; Garcia, Paulo Cesar Souza; Gomes , Carlos Magno; Lima Neto, Djalma RodriguesA dissertação Contos diferentes e marcas da diferença na escrita de Marcelino Freire é resultado da pesquisa sobre a escrita do autor nordestino Marcelino Freire. A dissertação intenta uma leitura sobre as escritas do autor e permite entrever a desmontagem de uma tradição discursiva sobre as minorias, ao passo que aponta para a emergência de uma política em favor da diversidade de modos de vida. Não mais se trata da normatização que lê o sujeito sob estruturas fincadas na domesticação e nas faces do patriarcalismo e, sim, de como a escrita possibilita a desestabilização de conceitos pré-determinados. Neste sentido, a estratégia adotada é seguir a trajetória de uma protagonista leitor que, ao reivindicar para si uma posição de minoria percebendo escritos que estigmatizam e patologizam. Tal projeto, prever uma política pautada na diferença e encontra, em discursos encenados por personagens, uma forma de perceber a diversidade das minorias, em foco, as minorias sexuais. Direcionado de uma leitura queer, que tem como propósito criticar o cenário cultural hegemônico e normativo e promover a diferença. Os argumentos são respaldados pelos diálogos entre textos teóricos e cenas da narrativa que tornam visíveis discursos que desconstroem e descentralizam as ordenações culturais que expressam a dicotomia centro/margem. Estas possibilidades permitem situar a pesquisa no campo dos estudos queer, referenciando-a por teóricos como Michel Foucault, Denilson Lopes, Guacira Lopes Louro, Richard Miskolci, Judith Butler e outros. O debate com críticos visa compreender como a diferença se faz presente na obra de Marcelino Freire e como são refletidos e problematizados. A inserção do trabalho no campo da Crítica Cultural se deve a possibilidade de questionar as dicotomias, os binarismos, buscando romper às normas e regras que reprimem, excluem e silenciam a diversidade e multiplicidade. Tanto os fundamentos teóricos, os objetivos, a metodologia, quanto a importância de retratar a temática, encontra, neste estudo dissertativo, perspectivas singulares de revelar impressões da diferença na escrita de Marcelino Freire.
- ItemOrganização social e subsistência na Fazenda Cangula(Universidade do Estado da Bahia, 2014-05-23) Lumbwe, Mwewa; Alves, Arivaldo de Lima; Costa, Edil Silva; Ratts, Alecsandro José PrudêncioA presente pesquisa sobre a organização social e subsistência na Fazenda Cangula, comunidade remanescente dos quilombos, situada no Distrito de Boa União, em Alagoinhas– Bahia, foi desenvolvida na linha de pesquisa Narrativas, Testemunhos e Modos de Vida do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural da Universidade do Estado da Bahia Campus 2 com a preocupação de entender o cotidiano desta comunidade. Foi preciso mapear os principais meios de subsistência da comunidade e dos núcleos familiares de membros da Associação Comunitária dos Produtores Rurais de Cangula; diagnosticar como são administradas as relações entre os membros da comunidade e os governos federal, estadual e municipal nos assuntos de subsistência material, mental, espiritual e de continuidade, antes e depois do autorreconhecimento como remanescentes dos quilombos; e verificar como o modelo de organização social na comunidade se expressa no cotidiano. A metodologia adotada foi a da observação participante e, tratando-se de um estudo de caso, a pesquisa foi considerada como qualitativa. O universo da investigação foram os núcleos familiares dos membros da Associação Comunitária dos Produtores Rurais de Cangula. Foram entrevistadas trinta pessoas, em vinte núcleos familiares visitados. A abordagem teórica foi baseada principalmente em Jan Vansina (2010), sobre a tradição oral e sua metodologia, e em Alessandro Portelli (2010), sobre a entrevista de história oral e suas representações literárias. Convém salientar que os objetivos desta pesquisa foram alcançados e os resultados permitiram observar que, em uma visão geral, todas as formas de subsistência seja ela material, mental, espiritual ou de continuidade, na organização social da comunidade do Cangula são interligadas e, na maioria das vezes, dependem da vontade política dos governos federal, estadual ou municipal. Esta constatação me levou a provocar o primeiro encontro entre os quilombos de Alagoinhas e os governos citados, que aconteceu em 15 de maio de 2013.
- ItemO Programa Mais Educação: uma análise sobre a diversidade cultural e os estudos do letramento na perspectiva institucional(Universidade do Estado da Bahia, 2014-05-26) Leite, Adilsomar de Oliveira; Messeder, Suely Aldir; Lima, Maria Nazaré Mota de; Batista, Maria LimaEsta pesquisa versa sobre o Programa Mais Educação (PME) nas escolas brasileiras, instituído pela Portaria Interministerial nº. 17/2007 e pelo Decreto nº. 7.083/2010, e que faz parte do Plano Nacional de Desenvolvimento da Educação brasileiro. O objetivo deste trabalho é analisar a relação do PME com o letramento e a diversidade cultural na perspectiva institucional. Para embasar a pesquisa, são revisitados autores/as que conceituam a questão do letramento, da diversidade cultural e da educação integral. Como fonte de pesquisa, são analisadas publicações oficiais relacionadas a essa iniciativa, como as versões disponíveis do Manual Operacional do PME e videoconferências realizadas pelo Ministério da Educação no ano de 2013. O trabalho subdivide-se, primeiramente, em uma breve explanação sobre a educação integral e os estudos do letramento, refletindo sobre a diversidade cultual; em seguida, apresentam-se os Manuais Operacionais do PME dos anos de 2008 a 2013, sendo feita sua descrição e análise, procedimento esse denominando de reformulações macro e micro escolar; por fim, analisam-se as videoconferências do programa dividindo-as em análise vertical (explanação sobre as falas da diretora do Programa) e análise horizontal (fusão das ideias comuns entre elas), cotejando-se os discursos com o pensamento de variados teóricos. O estudo mostra que, apesar de tais matérias fazerem referência ao letramento e à diversidade cultural, não se discute a forma contundente como essas questões incidirão sobre as classes denominadas pelo PME de "populares" e sua cultura, de maneira que possam transformar socialmente as vidas daqueles atendidos por essa iniciativa governamental. Conclui-se, portanto, que o Programa pode ser viável se ao longo dos próximos anos for mais bem estruturado visando a atender os interesses reais e coletivos dos meninos e meninas do sistema educacional brasileiro que convivem com um currículo hegemônico e excludente, eminentemente eurocêntrico, com ações que, em sua maioria, não levam em consideração as vivências e o modo de vida desses sujeitos.
- ItemUma estratégia de leitura da subjetividade em "Essa Terra".(Universidade do Estado da Bahia, 2014-06-11) Dias, Paulo Roberto Lima; Santos, Osmar Moreira dos; Seidel, Roberto Henrique; Novaes, Claudio CledsonO Romance Essa Terra do escritor baiano Antônio Torres revela aspectos subjetivos do fluxo migratório estabelecido entre o Nordeste e o Sul do país. Seu foco não está na migração em si e nas penúrias, provocadas pela seca. O autor toma como tema o fracasso migratório e o angustiante retorno à terra natal - Junco, hoje, Município de Sátiro Dias. Migrar significa a inserção no progresso da nação - o sucesso, cobrado pela família e por toda a comunidade. O fracasso migratório decorreria, então, de uma dificuldade de promover trocas simbólicas devido ao processo de subjetivação capitalística em curso? Diante disso, tenho como objetivo localizar no romance Essa Terra os recursos narrativos utilizados para abordar o processo de migração e de não- pertencimento para saber se o autor configura, em sua narrativa, conflitos relativos ao modo de produção de subjetividade capitalista. No tocante aos elementos identitários do texto literário, utilizo-me dos conceitos de subjetividade, singularidade e individuação de Félix Guattari e Suely Rolnik(Cartografias do Desejo). Quanto ao entendimento do processo de subjetivação, emprego os conceitos de sagrado e de profanação, concebidos por Giorgio Agamben. As questões das trocas simbólicas foram tratadas por meio dos conceitos da transculturação e de hibridismo, presentes em Stuart Hall, Homi, Bhabha e Nestor Canclini. A apropriação da pesquisa de Silviano Santiago permitiu perceber a contemporaneidade da escrita em Antônio Torres. A abordagem linguística e literária em si foi construída com as teorias de Giles Deleuze e Félix Guattari, Roland Barthes, Andreas Huyssen e René Wellek, com destaque para as explanações de Deleuze e Guattari sobre a noção de "personagem conceitual". Pode-se constatar que a escrita do romance "Essa Terra" trata exatamente das dificuldades de se constituir uma subjetividade em um ambiente de fronteira cultural, provavelmente em função das contingências do capitalismo e chama a atenção para o potencial criativo e produtivo das pequenas comunidades do interior do país.
- ItemO espectro da literatura e as relações identitárias nas redes sociais virtuais(Universidade do Estado da Bahia, 2015-03-26) Moreira, Taíse Alves; Felix, José Carlos; Przybylski, Mauren Pavão; Ponte, Charles AlbuquerqueA presente pesquisa tem como propósito examinar o fenômeno das imagens nas redes sociais virtuais como forma de construção identitária de seus usuários. A fim de investigar esse fenômeno, a pesquisa parte da tese de que, na sociedade contemporânea, são as imagens, particularmente as vinculadas em redes sociais, que se tornaram meios de formação de identidade – função outrora ocupada pela literatura. Nesse sentido, observa-se que, no ciberespaço, a própria noção de literatura e literário sofrem um constante processo de ressignificação ao fragmentar-se e converter-se em um elemento fundamental na composição das imagens técnicas. Nessa conjuntura, destaca-se que as classificações atribuídas à literatura canônica já não são mais encontradas em sua totalidade nesses fragmentos, embora sua função na construção de uma certa forma de identidade(s) ainda permaneça. Logo, a motivação que estimula os usuários a consumirem esse tipo de produto imagético estaria naquilo que se pode denominar de espectro ou aura que emana da escrita literária por meio das imagens técnicas, mesmo que esta última tenha sido manipulada para ajustar-se à ordem das redes sociais virtuais tecnológicas. Consequentemente, o fenômeno da autoexposição, por meio do consumo desse tipo de imagem, engendra uma maneira de construção de identidades que será examinado a partir de observações na notória interface chamada Facebook. A proposta teórica é dialogar com alguns autores como Jameson (1996), Flusser (1985 e 2008), Benjamin (1987), Foucault (1979), Eagleton (2006), Bauman (2005 e 2008) dentre outros, uma vez que o pensamento crítico desenvolvido por esses teóricos auxilia na compreensão desse fenômeno notadamente contemporâneo.
- ItemMemórias e narrativas: a representação dos encourados pelos vaqueiros de Pedrão-BA(Universidade do Estado da Bahia, 2015-04-07) Madureira, Wellington de Souza; Costa, Edil Silva; Fares, Josebel Akel; Drummond, Washington Luis LimaPedrão é um município brasileiro do Estado da Bahia com uma população estimada, no ano de 2004, de 6.739 habitantes. Sua economia é basicamente agrária, com destaque também para e produção de leite. Dessa localidade parte, em 1822, um grupo de 40 voluntários e vaqueiros conhecidos como Encourados de Pedrão. Esses voluntários tinham como objetivo participarem da luta pela Independência da Bahia. De acordo com os habitantes mais velhos desta localidade, "a Independência da Bahia começou em Pedrão, pois foram os corajosos Encourados de Pedrão que lutaram na linha de frente e expulsaram os portugueses da Bahia". Assim sendo, cabe hoje à Associação dos Encourados de Pedrão (AEP) manter viva essa memória através do desfile cívico do Dois de julho, quando seus membros personificam esses sujeitos históricos de destaque na historiografia baiana. Entretanto, cada época recupera e atribui ao popular um sentido, que, em princípio, resulta das relações das formas de narrar, ao mesmo tempo que essas relações estabelecem determinados imaginários. Assim, através de uma perspectiva crítica, essa pesquisa objetiva tanto conhecer e compreender esses atores, tendo como partida suas narrativas orais, quanto entender os caminhos que os levam inicialmente a fazerem parte do grupo de representantes desse movimento; além de personificar esse sujeitos históricos dentro do desfile cívico do Dois de Julho. Esta investigação se define como qualitativa e preocupa-se com a compreensão de um grupo social, produzindo informação e apontando aspectos da realidade. Quanto à natureza, trata-se de uma pesquisa aplicada, pois tem como objetivo gerar conhecimento para os interesses locais. Ao mesmo tempo, esse meu exercício de pesquisar adquire um caráter etnográfico quando me debruço na observação participante sustentada pelas entrevistas e análise de documentos, o que permite uma interação entre pesquisador e o objeto pesquisado. Por conseguinte, através do método da história oral, pautado no emprego das narrativas, buscou-se registrar impressões, vivências e lembranças desses indivíduos que se dispuseram a compartilhar suas memórias com a coletividade.
- ItemNo ventre da capoeira, marcas de gente, jeito de corpo: um estudo das relações de gênero na cosmovisão africana da capoeira angola(Universidade do Estado da Bahia, 2015-07-30) Sena, Ivanildes Teixeira; Messeder, Suely Aldir; Santana, Carla Patrícia Bispo de; Barreto , Paula Cristina da SilvaEsta dissertação possui um duplo objetivo, apresentar a Capoeira Angola no âmbito de uma visão cosmoafricana, bem como entender as relações de gênero nessa capoeira. discuto como os valores da cultura ocidental tensionam e influem na cosmovisão cultural africana no âmbito da capoeiragem, onde os corpos são situados como femininos e masculinos, embora as diferenças de sexo/gênero não sejam evidenciadas. Por um lado, considero a capoeira uma cosmologia de mundo e ao mesmo tempo uma prática de libertação e resistência de um corpo negro. Proponho repensar as representações sobre a capoeira, quer seja como folclore, quer seja como arte aurética, do presente ou de um passado histórico e sobretudo, situá-la no contexto contemporâneo de uma tradição cosmoafricana. Por outro lado, os debates sobre gênero estão ancorados prioritariamente no conceito de “tecnologia de gênero”, postulado por Lauretis (1989). A perspectiva feminista compõe o desenrolar teórico-metodológico da pesquisa qualitativa, cujos procedimentos são a observação participante, as entrevistas semiestruturadas com mulheres capoeiristas e a memória da vivência da pesquisadora como capoeirista. A escrita será conduzida pela ideia da “escrevivência”, desenvolvida por Brito (2011), cujo conteúdo nos reporta à escrita de um corpo inscrito em uma condição de experiência negra no Brasil. A perspectiva teórica circula na produção feminista de Lorde (1984); hooks (1998); Butler (2000); Davis (2013); Brito (2011); Louro (2008); Lugones (2014) bem como na produção sobre capoeira e cultura cosmoafricana de Abib (2005); Barbosa (2005); Barreto (2005); Conceição (2009); Curió (2011); Fernandes e Silva (2009); Machado (2013); Oliveira (2006); Pastinha (1988); Pequeno (2000); Rego (1968). Nesta análise, a tensão na relação de gênero no lócus pesquisado propõe o desafio de pensar a trajetória do corpo das mulheres capoeiristas como produto e processo histórico-cultural, construído simbolicamente, e desestruturador sistêmico da estrutura que lhe é imposta socialmente.
- ItemNarrativas autobiográficas de escritoras de Alagoinhas: processo de (auto)formação e ressignificação(Universidade do Estado da Bahia, 2015-09-30) Silva, Gislene Alves da; Moreira, Jailma dos Santos Pedreira; Pereira, Aurea da Silva; Gomes, Carlos Magno SantosO trabalho que por ora apresento é uma pesquisa de natureza qualitativa, que pauta-se em estudos de gênero e da crítica feminista e cultural e que tem como objetivo verificar como as narrativas autobiográficas das escritoras de Alagoinhas, após processo de interlocução destas e enquanto construto da (auto)formação dos sujeitos femininos, criam condições para a (re)significação das suas histórias de vida. Deste modo, trabalhamos, nesta pesquisa, na perspectiva da pesquisa-ação e com o método autobiográfico. Para tanto, nos inspiramos no projeto desenvolvido pela pesquisadora Christine Delory-Momberger (2006) com o ateliê autobiográfico, nos quais trabalhamos com os poemas Eu-Mulher, e Vozes-Mulheres e o conto Olhos d’água de Conceição Evaristo e com a leitura de trecho do livro Quarto de despejo: diário de uma favelada de Carolina Maria de Jesus, buscando verificar como as escritoras de Alagoinhas, em contato com estas outras, repensavam suas vidas. Assim, se fez necessário um arcabouço teórico para pensarmos as questões da escrita de si, escrita feminina, a vivência do gênero feminino etc. A escrita memorialística foi pensada a partir de Lacerda (2003) que nos ajudou a pensar como esta escrita foi por muito tempo considerada, um escrito sem valor, por se tratar de uma literatura que centra a sua construção com base nas experiências vividas pelas escritoras. Teóricos como, Klinger (2012), Santiago (2008) e Arfuch (2012) formam fundamentais para percebemos como a primeira pessoa atravessa a ficção contemporânea, tornando complexos os limites entre o texto real e ficcional. Assim, esta narrativa contemporânea como se apresenta é entendida pelos estudiosos como uma autoficção. É neste espaço autobiográfico que hoje as mulheres se (auto)representam e falam a partir do seu lugar. E a escrita dessa mulher parte das suas vivências, das experiências que se acumulam durante o seu percurso. Uma escrita feminina, que Nelly Richard (2002), nos diz que, não interessa saber a particularidade dessa escrita produzida por mulheres, mas como as marcas do feminino são textualizadas, pois estas marcas aparecem no “corpo vivo” escrito pelo sujeito feminino. Sendo assim, o trabalho desenvolvido no ateliê autobiográfico deu embasamento para a construção das escritas de si das escritoras Luzia Senna e Margarida Souza. Por fim, percebemos que as narrativas autobiográficas promovem a possibilidade de ser e de viver, mas a cima de tudo de tornar-se, de projetarmo-nos para novos horizontes em busca de outros projetos de vida, outras tessituras, novas narrativas. A pesquisa revelou, portanto, neste encontro entre escritoras, e através das narrativas de si, um processo de leituras e releituras, que resultou em autocrítica, autorreflexão, empoderamentos, devires, apontando também para a significância da atividade.
- ItemO itinerário da contracultura em anos 70 Bahia e malucos de estrada: do não lugar ao lugar de memória(Universidade do Estado da Bahia, 2019-06-03) Silva Neto, Cláudio Antonio da; Félix, José Carlos; Costa, Edil Silva; Freitas, Ricardo Oliveira deO objetivo principal nesta pesquisa é analisar as manifestações da contracultura em território nacional, a partir das narrativas presentes nos fragmentos escritos do livro Anos 70 Bahia, de Luiz Afonso e Sérgio Siqueira (2017), e nas poéticas orais dos entrevistados no documentário Malucos de estrada – parte II – Cultura de BR, de Rafael Lage (2015), com foco nas relações entre sujeitos, espaços e produções artísticas de caráter político. Tendo em vista que o deslocamento é um pressuposto das representações pontuadas no decorrer do trabalho, as poéticas espaciais serão postuladas em metalinguagem ao nomadismo dos seus sujeitos, estabelecendo relações entre os espaços de transitoriedade, os não lugares, conceito de Marc Augé (2012), assim como os espaços de entidades simbólicas e os lugares de memória, conceitos de Pierre Nora (1996). Os processos de construção dessas obras também serão analisados a partir das poéticas do espaço e, por consequência disso, do deslocamento, de modo a trilhar o itinerário do texto, que atravessará fronteiras, tanto entre os objetos quanto entre estes e seus modos de produção. Nesse sentido, adota¬se a abordagem qualitativa, de cunho bibliográfico, para buscar compreender quais encontros e desencontros de sentidos essas narrativas poderão produzir. Em relação ao documentário, através das perspectivas acerca das poéticas orais e seus registros, e com base em Paul Zumthor (2005), Jerusa Pires Ferreira (2003), Edil Silva Costa (2005) e Frederico Augusto Garcia Fernandes (2007), serão analisadas as performances dos sujeitos que se apresentam como “maluco de estrada”, tomando distância do que a sociedade identifica como hippie. Além disso, a pesquisa contemplará a questão do fazer artístico para o ciberespaço, oportunidade em que serão retratados os conflitos entre os “malucos de estrada” e o Estado, na luta pelo espaço público, e também parte das manifestações de ciberartivismo em defesa dos direitos humanos, sociais e culturais, com base em Ricardo Oliveira de Freitas (2007), quando a discussão sobre a utilização das mídias alternativas para laborar manifestações artísticas politizadas será aprofundada.
- ItemEscrituras de “índio”: modos estéticopolíticos de combater e superar as ordens de despejo(Universidade do Estado da Bahia, 2019-06-03) Pinto, Juliene Cristian Silva; Santos, Osmar Moreira dos; Lima, Maria Nazaré Mota deUm dos ganhos do Movimento Indígena nos anos 1970 foi a consolidação de um ativismo específico, nas malhas do Brasil (BANIWA, 2006). Por meio dele, os indígenas puderam articular uma mobilização estético-política aguerrida, cujas bases perpassam a destruição da história única. Tomando as dimensões histórico-culturais e sociopolíticas desse fio condutor, o estudo trata de uma interpretação teórico-crítica, que discute os elementos epistemológicos da elaboração do indígena brasileiro formulados pelas políticas indigenista e indianista, lançando luzes sob a política indígena, que busca reconfigurar o imaginário coletivo e subverter a naturalização das narrativas logocêntricas (MUNDURUKU, 1999, 2000, 2004; 2006, 2008, 2010, 2012; POTIGUARA 2004; JEKUPÉ, 2003). No plano do método, o corpus considerou o mapa dos rastros da cobiça do Estado brasileiro, de caráter catequizador e integracionalista, petrificados numa tradição política composta pelas ordens de despejo linguístico, cultural, territorial e ontológico (VIVEIROS DE CASTRO, 2002; COELHO, 2006). Ao fazer isso, os dados evidenciam uma avaliação da política indianista enveredada pelo discurso de acomodação aos destinos fictício, utópico, apocalíptico e invisível, adentrando nas linhas de fuga e reversão operacionadas pelos modernistas. Os seus desdobramentos compreendem a nova história indígena, que envolve a questão da autoria e do protagonismo, aqui, (re) pensada sob os termos do substrato político pedagógico e do debate intercultural aberto nos anos 1980-1990. Essa leitura aponta que a política indigenista, em grande medida, pôs em prática as referidas ordens de despejo para a extinção física e simbólica dos povos indígenas, e nos interstícios deixou escapar a autoria (CUNHA; VIVEIROS DE CASTRO, 1985; CLASTRES, 1978). Esvazia-se, portanto, o discurso falacioso de invisibilidade e silenciamento, fomentado, inclusive, pela política indianista, de cunho romântico e Pré-Modernista que deu seguimento à barbárie. Para além disto, contribui com o acervo de produções de temática indígena para o Laboratório de Edição Fábrica de Letras no Programa de Crítica Cultural, e, na formação continuada de estudantes e professores, como um chamariz que realça o discurso contra -hegemônico ao revisitar a história indígena e reconhecer formas de ação dos próprios sujeitos a fim de fazer circular a criatividade e a memória ancestral frente ao discurso único que os invade.
- ItemArtistas baianas em diálogo: o trabalho do signo e do si em Ana Fraga e Geisa Lima(Universidade do Estado da Bahia, 2019-06-07) Santos, Geisa Lima dos; Santos, Osmar Moreira dos; Pereira, Áurea da Silva; Ribeiro, Ana Valécia AraújoA presente dissertação trata-se de um texto-mapa que fala sobre as obras A Mesa Posta, de Ana Fraga, e As 7 Vidas de Kassandra, de minha autoria, como lugares de resistência, pois perpassam pelo campo da arte, da política e da crítica cultural e insuflam microrrevoluções dentro do espaço artístico e em nossas vidas. Os caminhos metodológicos se conectam às ideias de Deleuze (1999), Guattari (1995), Rolnik (1996), Rago (2010), Foucault (2006), Moreira (2002), dentre outros. Observa-se que as poéticas visuais de Ana Fraga e as minhas criam caminhos de constituição de si, escrita de si, performance de si, ao passo que arrastam os signos instituídos e provocam outras maneiras de realizar o contato e a ação com os corpos, com os nossos desejos, com o mundo e também com nossa capacidade criativa. As obras são instalações criadas por meio da performance e do trabalho sobre nossos corpos e estimulam a reflexão sobre o contexto de violências vinculadas à mulher. A pesquisa se coloca então, como uma leitura realizada sobre os discursos e signos criados por meio das obras, escancarando as relações de poder e de saber, as quais se inserem sobre a imagem e o corpo da mulher. Escolher o trabalho com o signo e o si foi justamente à tentativa de expressar que, por meio da relação de si para com a gente mesma, nós, artistas, estamos acima de tudo afrontando o poder a fim de criar, no plano social, modos de vida mais livres e múltiplos
- ItemContar e encantar com a literatura infantil negra: (re)construção da identidade cultural através da contação de histórias(Universidade do Estado da Bahia, 2019-07-09) Maciel, Patrícia da Silva; Santos, Cosme Batista dos; Santos, Áurea da Silva PereiraA literatura infantil negra trabalhada através da contação de histórias pode possibilitar a criança interpretar a realidade social e cultural em que está inserida, tendo-a como estímulo para pensar no seu papel enquanto sujeito pertencente a uma sociedade de diversidades e contradições sociais. Além disso, a criança brinca com a imaginação e a fantasia, gosta de ouvir e ler histórias, tornando-as realidade, se projetando nos personagens, nas situações e lugares que são relatados nas histórias. Logo, esse trabalho teve como objetivo analisar a contribuição da literatura infantil negra através da prática da contação de histórias na construção identitária de crianças negras. A base teórica foi sustentada na discussão de interculturalidade, identidade, cultura e letramento a partir de autores como Vera Candau, Stuart Hall e Brain Street, levando em consideração interlocuções convergentes entre literatura infantil negra e contação de histórias. Para o desenvolvimento desse trabalho foi usada a pesquisa qualitativa do tipo etnográfica, usando o método da triangulação que possibilita a combinação de diferentes métodos de coleta de dados e diferentes perspectivas teóricas para reforçar as conclusões. Os dados foram coletados através da observação, anotações no diário de pesquisa, questionário, e storytelling, e depois foram analisados e discutidos. Com o resultado da pesquisa, foi possível entender a dinâmica da construção da identidade dessas crianças no âmbito escolar, em especial, na sala de aula e como a literatura infantil negra através da prática da contação de histórias pode contribuir nesse processo.
- ItemA recepção do texto literário na sala de aula: os letramentos semióticos.(Universidade do Estado da Bahia, 2019-07-12) Gomes, Jussara Figueiredo; Pereira, Áurea da Silva; Cruz, Maria de Fátima Berenice da; Rosa, Marise Marçalina de Castro Silva; Peixoto, Ana Cristina SantosO presente trabalho intitulado A recepção do texto literário na sala de aula: os letramentos semióticos discorre sobre o letramento semiótico em uma turma de séries multisseriadas (4º e 5º anos) de uma escola da rede municipal de Inhambupe – Bahia. A pesquisa fundamenta-se na teoria semiótica da linha americana e nos estudos sobre literatura e letramento semiótico na sala de aula. A base teórica se estabelece nos estudos de Peirce (2008), Santaella (2012), Santaella; Nöth (2001), Pignatari (2004), Rojo (2012), Cruz (2012), Ferrara (2007), Pereira (2018), Catto (2013), Derrida (2001), Deleuze & Guattari (1995), Foucault (1996), entre outros teóricos e tem como objetivo analisar as estratégias utilizadas pelos estudantes para visualização, criação e interpretação de imagens a partir da teoria semiótica no texto literário. E como objetivos específicos têm-se: discutir o texto literário na perspectiva dos estudos semióticos; compreender o processo de letramento semiótico em estudantes do 4º e 5º anos; analisar o texto literário a partir das imagens criadas pelos estudantes. A pesquisa é de base qualitativa, e fiz um estudo de caso etnográfico na turma do 4º e 5º anos, de classe multisseriada. Inicialmente, no processo de coleta dados, realizei três oficinas literárias usando como suporte os contos O sabor das nuvens, Jaú dos bois e O sorriso da estrela do escritor Aleilton Fonseca. Em relação as estratégias utilizadas para visualização, criação e interpretação de imagens, constatamos que os estudantes utilizaram a leitura interpretativa e selecionaram cenas dos textos verbais para a construção dos textos não verbais e a partir da imaginação eles materializaram os signos captados pela imagem visível. Assim, por meio da análise foi possível compreender que a recepção dada ao texto proporcionou uma leitura deleite e conduziu a produção dos textos não verbais de forma prazerosa. Compreendemos através das discussões e reflexões dos trabalhos desenvolvidos em sala de aula que a leitura semiótica dos textos ocorreu a partir das ações comunicativas do leitor influenciadas pelas vivências socioculturais, o que nos possibilitou compreender os letramentos semióticos na sala de aula. Ao discutir o texto literário na perspectiva dos estudos semióticos refletimos que os processos de comunicação do leitor possibilitaram um diálogo com os letramentos a partir das leituras dos textos verbais e nãos verbais nos espaços de convivência desses sujeitos, o que promoveu os letramentos semióticos na sala de aula. Constatamos que as ações do autor e leitor de imagens nos trabalhos desenvolvidos com textos na sala de aula foram regadas de vivências sociais que deixaram marcas culturais em suas produções. As reflexões teóricas no campo da literatura, letramento e da semiótica nos ajudaram a compreender o importante papel da escola para o trabalho e constituição dos letramentos na sala de aula.
- ItemA invenção do sujeito cristão na literatura fantástica: aspectos da escrita de si em C. S. Lewis(Universidade do Estado da Bahia, 2019-07-12) Santos, João Lucas Alves dos; Seidel, Roberto Henrique; Drumond, Washington Luis Lima; Souza, Pedro deA estética da existência presente no pensamento de Michel Foucault é um modo como o indivíduo constitui sua subjetividade, exercendo sobre si mesmo um trabalho semelhante ao que o artista exerce sobre a obra de arte. Esse modo de constituição do sujeito teve suas origens na cultura do cuidado de si praticada na antiguidade greco-romana. No retorno que fez a cultura do cuidado de si Foucault observou que a prática de uma escrita pessoal exerceu, nesse momento, uma função de áskesis. A esse tipo de escrita, encontrada nas cadernetas de anotações e nas cartas de direção espiritual, ele dá o nome de escrita de si. Partindo desse contexto trazido nos estudos foucaultianos, essa pesquisa irá pensar a obra Cartas de um diabo a seu aprendiz de C. S. Lewis como uma espécie de escrita de si na constituição de sua subjetividade enquanto cristão. O livro trata-se de uma série de 31 cartas ficcionais que Lewis escreve da perspectiva de um diabo experiente, instruindo um tentador júnior a corromper a alma de um determinado humano durante a Segunda Guerra Mundial. A leitura que evidenciamos nessas cartas ficcionais é a de que Lewis, ao refletir seu processo de conversão e as posteriores dificuldades que enfrentou como cristão no início de sua prática de fé, decide se por usar da literatura fantástica para prescrever cuidados necessários que o indivíduo requer ao lidar com as tentações. Utilizando o método bibliográfico, objetivou-se investigar como o sujeito cristão se inventa a partir da escrita de sua própria experiência com a arte e a literatura. Neste sentido, Cartas de um diabo a seu aprendiz se mostrou uma escrita de direção espiritual na forma de literatura fantástica, onde Lewis exercita sua peculiar forma de ver o cristianismo e o ser cristão. A escrita de si de C. S. Lewis nas Cartas de um diabo a seu aprendiz proporciona uma ampliação da perspectiva do sujeito cristão na atualidade e contribui para refletir as formas de subjetivação ligadas a arte e a religiosidade de nosso tempo.
- ItemO saber – fazer das pretas de Camaçari: do improviso às novas formas de (re)existir.(Universidade do Estado da Bahia, 2019-07-24) Guimarães, Fabiane Fernandes; Messeder, Suely Aldir; Barbosa, Elaine Cristina Cambui; Barbosa, Lucia Maria de Lima; Conceição, Sérgio Henrique da; Moutinho, LauraEsta pesquisa versa sobre a construção do saber-fazer e das subjetividades de mulheres negras, trabalhadoras por conta própria, da Cidade de Camaçari-BA. No caminhar teórico metodológico percebermos que o mote dos estudos que imbricam o saber-fazer e as relações de gênero valorizam a discussão sobre o protagonismo feminino, entretanto tal protagonismo decorre da estereotipada divisão sexual do trabalho, onde as mulheres ocupam funções de menor prestígio. Notou-se, portanto, a escassez de estudos que abordem o saber-fazer de mulheres negras, sobretudo no que se refere às atividades não vinculadas à vida privada e/ou ditas não femininas. A pesquisa possui procedimentos metodológicos quali-quantitativos. Primeiramente, aplicamos os questionários com os/as trabalhadores/as por conta própria (salão de beleza e bares), cujos conteúdos seguiram três dimensões: 1) Perfil sócio-econômico cultural; 2) Saber-fazer; 3) Perfil do estabelecimento. Segundo, fomos a campo para reconstruir as histórias de vidas das mulheres pretas participantes da etapa anterior. Nesta empreitada com/sobre as mulheres pretas observamos o quão a violência doméstica, a fome, a desilusão e a solidariedade entre as mulheres conduziram ao desejo de trabalhar por conta própria. Com isto, acolhemos a ideia de um mercado informal estruturado por uma herança escravocrata, mas ao mesmo tempo, sinalizamos como as mulheres pretas agenciam o seu saber-fazer para montar o seu próprio negócio e sustentar a sua família.
- ItemDa prosa à performatividade: das mutações estético narrativas em uma rosa para Emily, ...e o vento levou e um bonde chamado desejo(Universidade do Estado da Bahia, 2022) Pinto Junior, Antonio de Oliveira; Felix, José Carlos; Moreira, Jailma dos Santos Pedreira; Pontes, CharlesA dissertação desenvolvida neste estudo bibliográfico se propõe a analisar as transformações do conceito de cultura e a nova estética baseada no progresso postulado pelo Modernismo pós-século XIX, que influenciou diretamente as diretrizes do romance e da literatura inglesa de modo geral. Para tanto, este estudo utiliza os textos A streetcar named desire (Um bonde chamado desejo), de Tennessee Williams (1947), Gone with the wind (...E o vento levou), por Margaret Mitchell (2008), e A rose for Emily (Uma rosa para Emily), assinado por William Faulkner (1930), como epítomes da análise. Os dramas e conflitos apresentados nas três obras de estudo nitidamente se constroem de acordo com o contexto sócio-histórico de cada uma, confluindo, assim, para a construção do eixo temático desta pesquisa. Ainda se procura enunciar, nos três textos analisados, as variações e convergências do ponto de vista narrativo. Intenta-se, com isso, construir o eixo formal do estudo, analisando as transformações da forma de narrativa das obras, passando do narrador onisciente na obra de Mitchell (1936) para a narrativa multifocal (com múltiplos narradores) presente em Uma rosa para Emily. Por fim, desembocando no terceiro objeto de estudo, Um bonde chamado desejo, o qual apresenta a ausência total da narração direta, a qual se dilui em forma de discurso direto e rubricas, realçando uma forma de narração onisciente invisibilizada. Para fundamentar o eixo temático, recorre-se aos estudos de Watt (1957, 2010), Eagleton (2010), Moretti (1999), Vasconcelos (2009) e Friedman (2002). Para a apresentação do eixo formal, contribuem Friedman (2002), Betti (2011), Déa (2013) e Stevens (2002). Como resultados, foi possível observar as transformações do conceito de moral e cultura presentes em cada um dos três documentos analisados e como a estética narrativa se modula e se transforma em cada um deles.
- ItemA dissolução do corpo e da imagem de sujeito administrado em crash: analises a partir da morte do afeto(Universidade do Estado da Bahia, ) Nunes, Jonathas Martins; Félix, José Carlos; Drummond, Washington Luís Lima; Salvadori, Juliana CristinaA presente pesquisa se ocupou de investigar como acontece a dissolução do corpo e da imagem do sujeito administrado nas narrativas ballardianas a partir da perspectiva da morte do afeto. Para tanto, tivemos por objeto o livro The atrocity Exhibition, bem como suas manifestações no cinema, pelo qual se move sem um centro, de forma independente. Baseamos-nos na interpretação do crash não enquanto um título, um texto, um objeto de determinadas narrativas, mas como o veículo argumentativo em função da cisão, seja essa do corpo do texto ou do corpo narrado. Sob tal conjectura, as distinções entre corpo e corpus também serão indistintas ao passo que adentramos as questões referentes às intensidades que são direcionadas às experiências destituídas de uma perspectiva objetiva nos objetos. Para realizar a pesquisa, partimos da hipótese de leitura que considera o corpo enquanto simulacro da linguagem, ou até mesmo sua materialização sob funções e frustações. Para fundamentar os argumentos que permeam o texto, tivemos como pressupostos principais as noções de mundo administrado de Adorno e Horkeimer (2006), bem como as inquirições sobre o posicionamento do narrador contemporâneo (2003); a noção de morte do afeto em Ballard (2014; 1996) em consonância com comentadores de sua narrativa e estudiosos das relações de percepção de sujeito e sociedade. Por fim, não levantamos uma conclusão, mas indicamos uma possível chave de leitura desses corpus corpo.
- ItemCorpo e técnica: reverberações na autoria de Mario Bellatin e na crítica de Isabella Lubrano.(Universidade do Estado da Bahia, ) Carvalho, Andréa Paula Oliveira de; Félix, José Carlos; Santos , Osmar Moreira dos; Drummond, Washington; Pereira, Antonio MarcosO objetivo desse trabalho é de fazer um esforço interpretativo entre corpo e técnica, dialogando a performance do escritor Mario Bellatin nos eventos literários, em entrevistas e em sites de relacionamento com o trabalho produzido pela jornalista Isabella Lubrano no Youtube em seu Canal Ler Antes de Morrer. Tendo em vista, como a técnica entra na literatura e como a literatura entra no meio técnico reverberando cada um a sua maneira, deixando marcas que ora se aproximam e ora se afastam do campo literário, ou seja, investigamos pelo método da diferença, os casos similares entre corpo e técnica na performance de cada um, com o intuito de poder diferenciar os aspectos positivos dos negativos, mostrando como os fenômenos dialogam na diferença. Assim, a principal intenção é questionar como o escritor consegue ir de encontro a todo esse conjunto de instituições econômicas, se apropriando de uma metalinguagem tecnológica que fere as ideias e a normalidade desse sistema, na medida em que ele não recusa os protocolos mas corrompe em uma fratura por dentro. Como também, entender como a Isabella Lubrano é esse setor intermediário entre o leitor e os livros, mediados, não só, pelas editoras como livrarias e escritores, moldando-se a favor desse serviço alternativo para divulgar obras. Dessa forma, Bellatin excede a fim de subverter, transformando seu corpo em um espaço do negativo, da selvageria, na falha representacional, propondo assim uma nova mística. Enquanto, a Isabella em face oposta é corpo na imagem positiva, é a garota propaganda em uma evidente cosmética de si. Os principais referenciais teóricos são: George Bataille, Roland Barthes, Michel Foucault, Eugênio Trivinho, Jean Baudrillard e Guy Debord.
- ItemSaberes (auto) biográficos de uma professora alfabetizadora: entre a teoria e a prática no processo de alfabetização(Universidade do Estado da Bahia, ) Melo, Lourdes Cavalcante Couto de; Pereira, Áurea da Silva; Cruz, Maria de Fátima Berenice da; Rosa, Marise Marçalina de CastroA pesquisa analisa os saberes docentes de uma professora alfabetizadora de crianças de anos iniciais, que atua no Riacho da Guia, em Alagoinhas, no Estado da Bahia. Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, pautada no método (auto)biográfico e usa, como técnica de coleta de dados, a entrevista narrativa. Nessa perspectiva, o estudo realizado com a professora permitiu elaborar questões significativas a partir dos depoimentos da professora acerca das suas concepções de alfabetização no momento em que traz imagens de si e da docência em meio a precariedade de recursos, do modo como realizava as atividades de leitura e escrita, tendo em vista o contexto escolar e o conhecimento prévio do aluno. Vislumbramos problematizar como as concepções de alfabetização de uma professora de crianças dos anos iniciais podem ser percebidas por meio das narrativas de sua trajetória docente. Este estudo centra-se na possibilidade de teorizarmos sobre os saberes da docência elaborados por essa professora, que vão se constituindo como práticas pedagógicas legítimas a parir da experiência cotidiana em sala com os seus alunos. Esta discussão nos oportuniza pensar a profissão docente, em especial, a de professores alfabetizadores, e seus aspectos empíricos e epistemológicos de formação como um processo contínuo, imbuído de valores e de ideais importantes para a formação humana, contribuindo com a práxis docente. O estudo evidencia que o fazer pedagógico da professora, sujeito desta pesquisa, perpassa pelas memórias do seu tempo na academia, mas principalmente pelas vivências com os alunos, atravessadas pela afetividade e pelo respeito ao conhecimento do outro. Assim sendo, a professora contribui com a alfabetização e o letramento da referida comunidade; além disso, mostra os desafios de alfabetizar e, ao mesmo tempo, revela como os saberes docentes são construídos naquele contexto, (re)criando estratégias didáticas, com os recursos disponíveis na escola, para o desenvolvimento das atividades de ensino e aprendizagem de crianças.