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Navegando Pós-Graduação por Orientador "Bonfim, Luciano Sérgio Ventim"
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- ItemConstrução de identidade, autoeducação e mulheres com lúpus no semiárido(UNEB, 2019) Bezerra, Fabiana da Conceição; Bonfim, Luciano Sérgio Ventim; Martins, Josemar da Silva; Assy, Maria Rita do AmaralO lúpus é uma doença crônica e de origem autoimune, que atinge em sua maioria mulheres em idade fértil. A doença pode afetar todo e qualquer órgão do corpo, causando uma série de modificações de ordem biopsicossocial que atravessam os processos identitários dessas mulheres. Este trabalho tem como objetivo explicitar a experiência autoeducativa de mulheres com lúpus nos processos de formação de suas múltiplas identidades (mulher, paciente com lúpus e sertaneja). A entrevista narrativa é a ferramenta metodológica utilizada pela pesquisadora, usando como pano de fundo sua própria experiência enquanto mulher com lúpus vivendo no semiárido. Optou-se pela abordagem metodológica de histórias de vida. Participaram deste estudo sete mulheres com lúpus das cidades de Dormentes e Petrolina, localizadas no estado de Pernambuco, e mulheres de Juazeiro, na Bahia. As entrevistadas fazem parte do Grupo de Atenção à Pessoa com Lúpus, grupo voluntário, que atua há cinco anos acolhendo pessoas com lúpus e familiares na região do sertão do São Francisco. A perspectiva teórica adotada fundamenta-se em autores que compreendem os processos de construção de identidade como não essencialistas tais como Zygmunt Bauman, Manuel Castells e Stuart Hall. Procurou se identificar os fatores que influenciam a construção de identidades dos sujeitos da pesquisa e as reverberações destes em suas vidas, através de um debruçamento sobre as histórias das participantes. Trilhamos os caminhos percorridos pelas mulheres do sertão, que constroem suas identidades a partir da diferença que marcam seus corpos e suas subjetividades. A partir dos discursos dos sujeitos pesquisados, percebeu-se que o território não é só lugar de habitação física, é produção de afeto, trocas intersubjetivas e que as relações sociais que as mulheres com lúpus estabelecem com o semiárido, foram fatores de proteção para o enfrentamento das questões limitantes impostas pela doença em relação aos aspectos climáticos. As experiências autoeducativas das mulheres entrevistadas se apresentaram como fruto das situações concretas da vida, tais como, acesso ou não a trabalho e renda, questões de gênero e apoio social percebido. Estas interferem na maneira como esta mulher adquire autoconsciência, influenciando no processo contínuo de constituição de si a partir do auto reconhecimento e auto entendimento. Das falas coletadas, conclui-se que a contradição existe na experiência autoeducativa dessas mulheres. Quando sozinhas, esta experiência autoeducativa foi carregada de sentimentos de negação, implicando no processo de formação e de reconstrução de suas múltiplas identidades. Mas a partir do momento em que essas mulheres se inseriram no Grupo de Atenção à Pessoa com Lúpus, elas passam a compartilhar essa dor com outras pessoas que estão enfrentando as mesmas e outras lutas, tais como elas. Assim, essa força coletiva, essa organização política, solidária, pedagógica, proporcionou resiliência e emancipação, auxiliando-as na contradição dos conflitos de suas identidades, harmonizando-as, sem com isso deixarem de ser afetadas pelos impositivos dos conflitos estabelecidos e impostos entre a enfermidade e o semiárido, além dos embates sociais impostos pelos imperativos dos conflitos de gênero e a condição de pessoa com lúpus.