Este trabalho tem como objetivo analisar discursivamente a primeira parte da obra As Veias Abertas da América Latina (1971), de Eduardo Galeano, intitulada A pobreza do homem como resultado da riqueza da terra. A pesquisa se fundamenta nos pressupostos da Análise do Discurso de linha francesa, com base nos estudos de Michel Pêcheux (2002), Eni Orlandi (1996) e Dominique Maingueneau (1997), buscando compreender como os sentidos são produzidos a partir das condições históricas e ideológicas que atravessam os discursos. A análise se volta para os mecanismos discursivos utilizados por Galeano na construção da identidade latino-americana, na articulação entre pobreza e riqueza e na denúncia das desigualdades sociais resultantes da colonização e da lógica capitalista. Os resultados apontam que o discurso do autor se inscreve em uma formação discursiva de resistência, operando deslocamentos de sentido que contestam as narrativas hegemônicas e reafirmam a memória histórica dos povos explorados. A ironia e a interdiscursividade são recursos fundamentais para a constituição de um sujeito coletivo marcado pela opressão e pela luta.