O presente trabalho tem por objetivo identificar e analisar as relações e(ou) imbricações entre os diversos setores empresariais com as entidades de prática (clubes) da/na América do Sul, problematizando seu uso como plataforma de comunicação publicitária. Trata-se de uma pesquisa social e documental de abordagem qualitativa, que recorre à publicidade de camisa realizada pelos clubes de futebol masculino que participaram da Copa Libertadores da América, em 2023. A partir desse recorte, participaram 32 agremiações de 10 países. Para o levantamento dos dados, usou-se sites oficiais dos clubes; reportagens jornalísticas que informam sobre essas transações/negociações; e, em casos específicos, as transmissões televisivas disponíveis na internet. Após a identificação de todos os setores envolvidos na publicidade dos clubes, as marcas passaram por uma análise (temática) de conteúdo. Identificou-se, nesse processo, 12 categorias gerais, a saber: alimentos e bebidas (18,6%); serviços financeiros (18,02%); jogos de azar (13,95%); materiais esportivos (13,95%); telecomunicações (5,81%); serviços e produtos de saúde (5,23%); indústria automotiva (3,49%); varejo (3,49%); transporte (3,49%); tecnologia (2,91%); energia e combustíveis (2,33%); e os setores de cosméticos e vestuários (2,33%). Outros setores não somaram mais de 2% da publicidade identificada e, por isso, acabaram reunidos em Outros. A presença desses setores, no geral, dialoga com interesses comerciais (nacionais, regionais e internacionais) e, também, com questões contextuais e(ou) estruturais. Assim, é oportuno apontar: vários setores locais usam o futebol da região para popularizar/consolidar seus produtos; outros, sendo marcas regionais, buscam expandir seus mercados, valendo-se da força da modalidade para tanto; e, há, ainda, aqueles empreendimentos estrangeiros que mobilizam o futebol para penetrar o mercado de consumo sul-americano, consolidando suas marcas. Assim, o futebol da América do Sul, a partir da “mancha na camisa”, promove setores socioeconômicos variados e, consequentemente, contribui para “dourar a pílula”, isto é, para a inovação estética de mercadorias nessa porção do continente americano, atuando, pois, na construção da propalada “aura mágica” que, de modo consequente, viabiliza o consumo.