Inclusão e docência: a percepção dos professores sobre o medo e o preconceito no cotidiano escolar
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Resumo
Nesta pesquisa buscamos identificar como as relações entre o medo e o preconceito são expressas no cotidiano escolar a partir da percepção das professoras que atuam em escolas regulares com alunos em situação de inclusão e de que maneira essas relações interferem na sua ação profissional, considerando a importância do professor na efetivação da atual proposta de inclusão educacional que orienta a política educacional brasileira. Realizamos uma pesquisa qualitativa sobre as bases do medo e do preconceito e os modos de atualização na sociedade contemporânea, bem como investigamos as contradições do projeto inclusivo. Utilizamos como referencial teórico a Teoria Crítica da Sociedade, particularmente os escritos de Max Horkheimer e Theodor W. Adorno para aprofundarmos os estudos sobre o medo e o preconceito, recorrendo também à Psicanálise, especificamente os escritos de S. Freud. Para a investigação sobre a inclusão educacional, buscamos subsídios principalmente nos estudos de Ligia Amaral, José León Crochík, José Geraldo Silveira Bueno, Rosalba Maria Cardoso Garcia, que nos permitissem estabelecer um diálogo com a Teoria Crítica da Sociedade. O estudo foi realizado na cidade de Valença – Bahia, através de levantamento documental e entrevistas com 07 (sete) professoras que atuam em 04 (quatro) escolas municipais regulares de ensino fundamental I. A partir da análise dos dados, verificamos que o medo está presente na prática docente na sala de aula, sendo experimentado como um sentimento associado à possibilidade de irrupção da agressividade, ligada às características do aluno em situação de inclusão, e que remete ao medo ancestral de aniquilamento, justificando as atitudes preconceituosas. Sobre o projeto de inclusão educacional, as professoras entendem que ele é necessário, e o defendem com ressalvas, afirmando o despreparo como condição intrínseca ao seu trabalho. O cotidiano dessas professoras encontra-se atravessado pelas emergências do dia-a-dia, não sendo a prática percebida como fonte de experiência, impedindo a reflexão e a responsabilização por suas ações. Foi identificada também a ausência de uma política municipal que contemple o projeto de inclusão educacional, fato que, juntamente com a forma de efetivação do projeto de inclusão, compromete o trabalho das professoras, mantendo-as numa posição de menoridade e justificando o seu despreparo, reforçando a permanência do medo e do preconceito no cotidiano docente.