A corporeidade negra/gay em "contos negreiros"
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Resumo
Este trabalho tem como objetivo analisar, a partir das lentes da Análise de Discurso Materialista (AD), as representações sobre a corporeidade negra/gay a partir da obraliterária “Contos Negreiros”, de Marcelino Freire, com enfoque nos efeitos de sentidos produzido por/para ou “ao redor” do que é enunciado por um autor branco, olhando especialmente para a afirmação de que a forma como os personagens são (re)construídos reforça um imaginário sobre sujeitos concretos. Nesta pesquisa, fizemos uma investigação sobre o funcionamento do imaginário sócio-histórico e cultural que autoriza a (re)produção dos efeitos de hipersexualização encontrados na obra. Examinamos como essas representações são influenciadas pelo discurso colonial e pelo discurso “pseudocientífico” que contribui para a construção do imaginário relacionado ao sujeito negros/gay. Além disso, abordamos a relação entre o autor, homem branco, produtor de um discurso reforçado pelo cânone literário, enquanto aparelho ideológico, e a representação feita por ele da(s) comunidade(s) negra/gay. Nesse sentido, a análise se concentrou em trechos específicos da obra, transformados em Sequencias Discursivas, que puseram à prova algumas hipóteses, entre elas a de que a forma como o autor (re) produz a hipersexualização como meio de representação limita as relações amorosas e sexuais dos sujeitos negros/gays à forma majoritária como seus corpos são socialmente interpretados. Neste trabalho, pudemos observar que a existência de uma cultura hegemônica brancocêntrica e heteronormativa acaba por explorar a estigmatização da estética negra. Dessa forma, a obra “Contos Negreiros” reflete e reforça essa dinâmica, contribuindo para a perpetuação de padrões discriminatórios na sociedade. Ao final desta pesquisa, pudemos compreender que a problemática da hipersexualização, a partir daquilo que não é dito, faz com que sujeitos masculinos interseccionalizados nas condições negra/gay sejam sujeitos aos quais se atribuem a ideia de não estabelecimentos de vínculos amorosos afetivos e efetivos. Por fim, dizemos que a desconstrução desses estereótipos é crucial para uma leitura mais justa e equitativa, visando a promover uma compreensão mais ampla e humana da diversidade de experiências presentes nos discursos contemporâneos.