Programa de formação a utilização do smartphone como interface pedagógica com foco na cidadania: Manual para Educadores
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Resumo
Essa pesquisa apresenta a construção, implementação e análise de um Programa de Formação para a cidadania em tempos da sociedade em rede, baseado nas potencialidades do saber popular de pessoas usuárias de programas de governo e dos Dispositivos Digitais Móveis, como possíveis ferramentas para o enfrentamento da exclusão educacional, digital e promoção da criticidade. Pesquisas evidenciam que a população com menos infraestrutura para o acesso às políticas públicas como educação e assistência social são as mais afetadas com a virtualização dos serviços presenciais. Desta forma, para que esse grupo possa obter informação que viabilize exercer a cidadania também nos espaços digitais, faz-se necessário ter acesso a alguns recursos, a exemplo do dispositivo com conexão à internet (para essa pesquisa foi escolhido o smartphone por se configurar o mais popular nas camadas sociais) e de aptidões como as habilidades para explorar os recursos, de modo que, possibilite o desenvolvimento de novos conhecimentos para alcançar determinados espaços off-line, que apresentam complexidades na busca pelo direito à cidadania. A esse respeito, esse estudo investigou: como um programa formativo baseado na educação popular e mediado pelo DDM - smartphone, como ferramenta pedagógica, pode contribuir para o exercício da cidadania e desenvolvimento de novos processos tecnológicos pelos recicladores da COOPERBRAVA? Assim, o objetivo geral foi desenvolver e analisar as contribuições de um programa formativo em educação popular (na perspectiva Freireana) mediado pelo smartphone, como ferramenta pedagógica para o acesso de bens e serviços no exercício da cidadania. Os sujeitos da pesquisa são recicladores do município de Salvador-Ba, com baixo domínio e apropriação das ferramentas e aplicativos digitais específicos do Estado. Os principais teóricos utilizados para embasar a discussão foram: Carvalho (2012); Castells (2012); Freire (2015; 2012; 1989), Sales (2012), Santaella (2003; 2008; 2013). Os desdobramentos do programa para formação cidadã foi desenvolvido em cinco etapas, com duração de dois meses, e apresentou na sua composição, conteúdos que discutiam os eixos direito civil, político e social, elencados ao cenário cotidiano de aprendizagem e conciliando o desenvolvimento de novas habilidades no acesso aos aplicativos da formação. Por exemplo, nas oficinas que trataram sobre direito social foram discutidos nos aspectos conceituais e processuais o papel das políticas sociais e dos aplicativos CadÚnico e Bolsa Família no fortalecimento da cidadania, possibilitando assim uma efetiva participação em outros espaços além do ambiente digital proposto na pesquisa. A metodologia adota princípios da pesquisa participante com abordagem qualitativa. Quanto aos instrumentos de coleta, se deu pela observação participante, grupo focal e diário de bordo, bem como o respaldo da base teórica das categorias cidadania, educação popular e tecnologia digital móvel, a partir dos quais se articulou um plano de formação para educadores que atuam na promoção da cidadania em espaços de educação não escolar. A experiência do Programa de Formação evidenciou que, apesar das carências socioeconômicas e educacionais, é possível superar algumas dificuldades encontradas pelos novos usuários do digital com baixo letramento, tanto para acessar aplicativos do governo e obter informações sobre direitos, deveres e responsabilidades; quanto para se adequar à crescente realidade de utilizar os serviços on-line. Neste contexto, é possível se apropriar de modo crítico, autoral e produzir novos conhecimentos, e assim, consequentemente, contribuir para o fortalecimento da cidadania.